Continuação
O alarme foi dado na manhã de hoje pelos serviços de inteligência sul-coreanos, que detectaram os indícios do teste nuclear que a Coréia do Norte ameaçava realizar.
O Governo sul-coreano havia sido avisado pela Embaixada chinesa em Seul sobre a possibilidade da realização do teste atômico 20 minutos antes do seu início.
Pouco depois, o Ministério da Defesa sul-coreano confirmou o que se temia: a Coréia do Norte acabava de detonar uma bomba atômica sob a terra no distrito de Hwadae, uma região remota do nordeste do país.
Os serviços sismológicos sul-coreanos detectaram um tremor de 3,58 graus na escala Richter, informação que foi confirmada depois pelo Serviço Meteorológico do Japão, que, por sua vez, registrou quase 5 graus na mesma escala, enquanto o Instituto Geológico dos Estados Unidos indicou que o tremor foi de 4,2 graus.
O Ministério da Defesa da Rússia também confirmou que o teste nuclear foi subterrâneo, segundo o general Vladimir Verjotsev.
No entanto, o próprio regime norte-coreano se encarregou de anunciar o teste com estardalhaço.
A cúpula do regime de Pyongyang anunciou através da "Agência Central de Notícias da Coréia do Norte" ("KCNA") o êxito de seu primeiro teste nuclear e destacou que não foi registrado nenhum vazamento radioativo.
Segundo especialistas consultados pela agência sul-coreana "Yonhap", o poder de destruição da explosão subterrânea equivaleria a 550 toneladas de TNT, a julgar pelas vibrações telúricas.
A bomba atômica que destruiu a cidade japonesa de Hiroshima em agosto de 1945 equivalia entre 15.500 e 21.500 toneladas de TNT.
A data escolhida para o teste não foi aleatória. Neste domingo, a cúpula norte-coreana lembrou uma das datas mais importantes de sua história comunista: a ascensão de Kim Jing II ao posto de líder do Partido dos Trabalhadores da República Democrática Popular em 1997, três anos após a morte de seu pai, o fundador e presidente da Coréia do Norte, Kim Il-sung.
Além disso, nesta terça-feira será festejado o 61º aniversário da fundação do partido, que rege com mão-de-ferro o destino do país comunista.
"O teste nuclear foi realizado totalmente com nosso conhecimento e nossa tecnologia", afirmou a "KCNA", acrescentando que sua realização contribui para reforçar "a capacidade de dissuasão" da Coréia do Norte e para "manter a paz e a segurança na península coreana e na Ásia".
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, pediu hoje em Seul, onde se encontra em visita oficial, uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU e que a crise seja conduzida com mão firme.
Antes de voltar a Tóquio, vindo de Seul, onde se reuniu com o presidente sul-coreano, Roh Moo-hyun, o primeiro-ministro japonês adiantou que o Governo japonês, além das pressões internacionais, "provavelmente tomará suas próprias medidas severas em breve", sem especificar quais seriam.
Segundo Abe, "o Japão trabalhará com a sociedade internacional e as nações afetadas para que a ONU adote uma resolução que inclua medidas muito fortes contra a Coréia do Norte, no menor prazo possível".
Por enquanto, o Governo sul-coreano anunciou a suspensão temporária da assistência de emergência à Coréia do Norte e do tráfego de embarcações com destino aos portos norte-coreanos.
O Conselho de Segurança da ONU deverá determinar o caráter da condenação que deve impor contra a Coréia do Norte e que pode incluir, conforme as reivindicações do Japão e dos EUA, a aplicação do Capítulo 7 da Carta Magna das Nações Unidas para a imposição de sanções.
Esse capítulo permite que a comunidade internacional recorra ao uso da força militar para resolver uma crise.
Em julho, quando o Conselho de Segurança aprovou uma resolução de condenação à Coréia do Norte pelo lançamento de sete mísseis balísticos no mar do Japão, este capítulo foi excluído por causa da oposição da China e da Rússia, países aliados de Pyongyang.
Agora, o Conselho terá que lembrar também as advertências lançadas em várias ocasiões
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