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quarta-feira, setembro 28, 2005

TV Piratoig achincalha guaruçá

Continuação
(1) Carta publicada no Litoral Virtual em 27/09/2005

TV IPEROIG x TV PIRATOIG - Em primeiro lugar, quero agradeçer a toda oposição da TV por estar nos tornando visíveis em suas mídias e de estarem divulgando o nome da TV que já melhorou não só em qualidade, mas também em conteúdo que aos poucos estará sendo completada em sua grade de programação.Quero também parabenizar aos cartunistas, que tem feito as charges, pelo seu talento artístico, eu mesmo ri das colocações.Quanto a legalidade da TV Iperoig, esclareço aos leitores que provaremos toda a legalidade da TV perante a ilustre visita que estamos aguardando da ANATEL. Serão recebidos com satisfação.Considerando que o leitor deste jornal tem um bom discernimento cultural, avaliem:
1 - A TV Iperoig, é um projeto novo, ousado e que tem causado boa audiência nos 3.500 lares em que é assistido, podendo causar certo ciúmes em quem não foi capaz de fazer, mesmo porque, o canal 4 da Kaybee poderia ser locado desde o iníciodas suas operações.
2 - O programa Mix de Ofertas, por exemplo, mantém 5 pessoas trabalhando e fazendo seu sustento, sem contar que é uma ferramenta de divulgação do comércio e suas ofertas, que quando vende mais dá maior estabilidade ao emprego na cidade."
3 - A atitude do Sr. Luis Moura de simplesmente veicular uma matéria em que diz calúnias que foram ventiladas sem nem mesmo ter investigado, não o faz um veículo sério e sim tendencioso.
4 - Enviamos um comunicado em forma de direito de resposta, que não foi publicado pelo Guaruça, apenas pelo blog Ubatuba Víbora.
5 - Porque será que quando algo novo e arrojado, como nossa TV é feito em Ubatuba, deve sofrer calúnias de interesses inconfessáveis?
Quantos as questões da TV ligadas à Câmara Municipal, esclareço que ajudarei no que for possível para provar a legalidade da licitação e contrato.
Acreditamos que está mais do que na hora de Ubatuba renovar e andar para frente, e que esta cidade merece um canal de TV exclusivo. Lembro também que aquele pequeno bichinho que fica na praia conhecido popularmente como Maria-Farinha ou Guaruça só anda de lado ou para trás, nunca para frente.
Lembramos também que ao Sr. Luis Moura, que fez todas as acusações, cabe o ônus da Prova e que quando mencionei Rolo Compressor, referi-me ao eficaz poder judiciário, pois acreditamos que as tais calunias nada tem de construtivas, simplesmente destrói sonhos e projetos de pessoas que estão revelando talentos e que querem o melhor para a Cidade.
Mais uma vez deixo a disposição o e-mail de nossa TV : tviperoig@terra.com.br
Mais uma vez palmas ao cartunista.
Um abraço,

Eduardo Cury Russo
Diretor - TV IPEROIG Ubatuba, SP

(2) Comunicado publicado no Ubatuba Víbora em 14/09/2005

COMUNICADO

A TV Iperoig vem a público declarar caluniosas e repudiar, as informações publicadas através de matéria divulgada por revista virtual de Ubatuba.
O verdadeiro motivo da não veiculação do programa TV Câmara foi a solicitação pela Presidência da Câmara Municipal visando manter a ordem pública na casa de leis, frente a resistência de um operador de câmera free-lancer , que não acatou a dispensa de prestação de seus serviços, ventilando tais informações caluniosas, publicadas por aquele jornal que nem sequer teve a responsabilidade de apurar os fatos.
Esclarecemos ainda que a TV Iperoig é arrendatária do Canal 4 da TV a Cabo Kaybee, que possue licença de operação da ANATEL.
Este canal, que pela lei de TV a cabo é de cunho comercial, não tendo a obrigatoriedade de transmitir Sessões de Câmara, o faz gratuitamente à Câmara de Ubatuba em forma de utilidade pública.O edital de licitação e contrato não prevêem veiculação do programa, apenas sua gravação e entrega em DVD para arquivos da Câmara.
A TV Iperoig coloca à disposição dos interessados, documentos que comprovam sua idoneidade total, contratação lícita e transparente por parte da Câmara.
Lamentamos que esse veículo de comunicação seja comandado por pessoa que se intitula editor daquela revista virtual publicando matérias tendenciosas, inescrupulosas e de interesses inconfessáveis.
A TV Iperoig reafirma seu compromisso com o público de manter-se imparcial em todas as questões políticas visando o bem maior da cidade de Ubatuba.
TV IPEROIG - O primeiro canal de TV de Ubatuba.

Nota do Editor - O Ubatuba Víbora recebeu e publicou a matéria que está motivando este comunicado, que necessita de alguns reparos. A Câmara Municipal de Ubatuba tem direito a um canal de TV gratuito. Isso acontece em todas as cidades onde existe televisão a cabo. Sendo assim, não há favor por parte da TV Iperoig em transmitir as sessões. Caso o contrato seja cancelado, outra produtora poderá fazer o trabalho e o sinal continuará gratuito. Como o responsável pela emissora colocou os documentos da mesma à disposição, manifestamos interesse emconhecer detalhes do contrato, que publicaremos em seguida. Tambem queremos ver a licença da Anatel para o link usado pela emissora e saber quem é o jornalista responsável pelas transmissões, bem como detalhes do contrato de trabalho dele e dos demais funcionários. Tudo em nome da transparência.

(3) Requerimento protocolado na Câmara em 16/09/2005


Ilmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Ubatuba

Luiz Roberto de Moura, brasileiro, casado, engenheiro civil, residente e domiciliado a rua Coronel Domiciano, 281, Centro, neste município, portador da carteira nº 81158/D do MT CREA-SP, vem mui respeitosamente e como lhe é assegurado pela Constituição da República Federativa do Brasil requerer o que segue:
1- Fornecimento de cópia reprográfica integral dos dois processos licitatórios (editais, atas das licitações, contrato assinado com a empresa vencedora da licitação etc.) que culminaram na contratação da empresa que atualmente grava, semanalmente, as sessões da Câmara Municipal de Ubatuba;
2- Cópia do documento de cessão de bens ao contratado referido no item 1 e protocolado pelo Diretor Geral da Câmara, Paulo Roberto Conceição e
3- Certidão onde conste a informação de qual foi a quebra de acordo cometida pela TV Iperoig, mencionada pelo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Ubatuba, ao jornal Imprensa Livre em matéria publicada no site
www.imprensalivre.com.br as 07:25 do dia 16 de setembro de 2005.
Termos em queP. deferimento


Ubatuba, 16 de setembro de 2005.

Eng. Luiz Roberto de Moura

Bicudo foi-se embora do PT

Continuação
Nos anos 50 caçou malfeitorias do governador paulista Adhemar de Barros, aquele do “rouba mas faz”. Nos 60, foi chefe de gabinete do ministro da Fazenda (Carvalho Pinto) e não teve que depor em CPI. Nos 70, saiu atrás do Esquadrão da Morte e levou à cadeia o delegado Sérgio Fleury, paradigma da moralidade do porão da ditadura militar. Nos 80, filiado ao PT, foi candidato a vice-governador de São Paulo na chapa de Lula. Viajavam em carros emprestados e descansavam atrás dos balcões de restaurantes. Elegeu-se duas vezes deputado e em 1989 assinou, com “Nosso Guia”, o primeiro pedido de impedimento de Fernando Collor. Até 2004 foi vice-prefeito de São Paulo.
Esse é o lado bonito, o do brilho da estrela de um partido de gente boa, gente como Bicudo.
O outro lado é feio. É o do PT das sombras do mensalão. Em 1989, aliado à Convergência Socialista, José Dirceu derrubou Bicudo da presidência do diretório municipal de São Paulo. Em 1991, desfenestraram-no da vice-presidência nacional do partido e no seu lugar puseram o estrategista Luiz Gushiken. Em 1997, Bicudo integrou a comissão de sindicância que apurou as denúncias feitas contra as empresas de Roberto Teixeira, compadre e senhorio de Lula.
O benfeitor do companheiro era acusado de ter montado um aparelho de consultorias tributárias nas prefeituras petistas. Segundo a comissão, a empresa de Teixeira se conduziu “de forma ilegal, imoral e criminosa”.
Para quem acha que a encrenca petista com fornecedores e recursos de campanha é coisa nova, eis um trecho do relatório da Comissão de 1997: “É importante observar que, segundo apurado nesta investigação, Paulo Okamoto após 1992 não exerceu qualquer cargo, ou parece ter recebido qualquer delegação da direção do PT para atuar na obtenção de recursos financeiros, em especial para manter contatos com prefeitos na busca de listas de fornecedores para captação de recursos para o partido.” (Okamoto é o amigo de Lula que em 2003 quitou, com dinheiro vivo, a dívida de R$ 29 mil que o PT lhe atribuiu.)
Bicudo tem um livro de memórias pronto. Chama-se “Nossa História, minhas memórias”. Tomara que saia logo, com alguns capítulos adicionais. Olhando-se a vida desse servidor público, fica uma dúvida: ele perdeu seu tempo, foi usado, ou de tudo aconteceu um pouco? A maior vitória de Bicudo, contra o Esquadrão da Morte, deu-se antes de sua militância petista. Sua atuação parlamentar em defesa dos direitos humanos foi memorável, mas rendeu ralos resultados. Em boa medida, Bicudo foi mais uma das grandes tapeçarias que enfeitaram e aqueceram o castelo petista. Tornou-se anacrônico. Para a turma do Campo Majoritário, verdadeiro estorvo.
Há cerca de um mês, Bicudo se sentou com Apolônio de Carvalho durante um almoço na casa do cônsul francês em São Paulo. Eram quatro mesas, cada uma com o nome de uma cidade libertada dos alemães com alguma ajuda de Apolônio. Quando perguntaram ao velho “maquisard” o que achava da crise, ele respondeu com a benevolência e o charme que encantaram três mundos: “Não devemos confundir a parte com o todo.”
O tempo levou Apolônio. Bicudo preferiu ser um pedaço da parte de fora do que um enfeite do todo de dentro.

ELIO GASPARI é jornalista.
Fonte: Globo Online

terça-feira, setembro 27, 2005

Golias

Continuação
Um dos pioneiros do humor da TV brasileira, o comediante Ronald Golias, 76, morreu no final da madrugada desta terça-feira em São Paulo em decorrência de uma infecção generalizada proveniente de uma infecção pulmonar. O ator estava internado desde o último dia 8 no Hospital São Luiz, no Morumbi (zona oeste).

Sua carreira se confunde com a própria criação do rádio e da TV no Brasil. Seu personagem mais famoso na televisão foi Carlos Bronco Dinossauro, da série "A Família Trapo", que estreou na TV Record em 1967.
Nascido no dia 4 de maio de 1929 em São Carlos, no interior de São Paulo, o humorista sempre viu em sua profissão uma missão. Nas poucas entrevistas que concedeu, ele comparava o bom comediante ao carteiro: "Ambos têm a missão de caprichar na entrega e gostar do que fazem, caso contrário não têm futuro".

Antes de estrear no rádio, o humorista, filho do marceneiro Arlindo Golias, fez de tudo um pouco. Foi ajudante de alfaiate, funileiro, fabricante de presépios, agente de seguros e até aqualouco. Na Rádio Nacional ele foi descoberto por Manoel de Nóbrega que, impressionado com seu talento, resolveu contratá-lo para atuar também na TV.
Nos anos 50, foi uma das estrelas do programa humorístico "Praça da Alegria", na antiga TV Paulista (atual Globo). Pacífico, seu primeiro personagem na TV, ficou famoso pelo bordão "ô Cride". Com o sucesso na TV, o comediante foi convidado para estrelar no cinema. Sua primeira participação na telona foi no filme "Um Marido Barra Limpa", de Luís Sérgio Person, em 1957. Golias também contracenou com grandes nomes do humor da época, como Grande Otelo e Ankito, em "Os Cosmonautas", "Tudo Legal" e "Os Três Cangaceiros", entre outros.
Em 67, Golias levou para a televisão seu personagem Bronco, que já fazia sucesso no cinema. Ele estreou no humorístico "A Família Trapo", da TV Record, ao lado de Otelo Zeloni, Renata Fronzi, Cidinha Campos, Ricardo Corte Real e Jô Soares. O programa foi ar até 1971.
Desde junho de 1990, Golias, com mais de 50 anos de carreira, integrava o elenco fixo do SBT. Ele era uma das atrações do humorístico "A Praça é Nossa", comandado por Carlos Alberto de Nóbrega - filho de Manoel.
No programa, ele vivia personagens como Pacífico, Bronco e Professor Bartolomeu, entre outros. Recentemente trabalhou na "Escolinha do Golias", ao lado da grande amiga Nair Belo. Nos últimos meses, ele podia ser visto também no seriado "Meu Cunhado", ao lado de Moacyr Franco, interpretando Bronco mais uma vez.
Casado com Lúcia Golias, 63, o comediante teve somente uma filha, Paula, 38.
Fonte: Folha Online

domingo, setembro 25, 2005

Eleições em 2006

Continuação
As articulações PFL-PSDB na eleição para presidência da Câmara, unidos por ora em torno do pefelista José Thomaz Nonô (AL), evidenciam o fortalecimento de Serra no PFL. Aos poucos, Serra, prefeito de São Paulo, vem tirando do governador Geraldo Alckmin (SP) a condição de tucano favorito para costurar uma aliança com os pefelistas.
Na disputa pelo comando da Câmara, Serra esteve disposto a uma composição, primeiro, com o petista Sigmaringa Seixas (DF) e, depois, com o peemedebista Michel Temer (SP). Mas migrou para a candidatura do pefelista Nonô por cálculo político: reforçar laços com o PFL para vencer a resistência que resta a seu nome no partido. Seus articuladores mais fiéis na Câmara, o líder Alberto Goldman (SP) e Jutahy Magalhães (BA), fecharam com Nonô após consultá-lo.
Serra tem mais a dar ao PFL, partido que se recusou a apoiá-lo em 2002, quando o tucano disputou e perdeu a Presidência para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 2004, ele fechou aliança com o PFL paulistano, compondo com o vice pefelista Gilberto Kassab.
Se for candidato a presidente, Serra terá de deixar a prefeitura até o final de abril de 2005. Kassab, portanto, herdaria dois anos e oito meses do mandato de Serra.
A simpatia do PFL pela opção Serra cresceu por cálculo político. No bastidor, a cúpula pefelista já admite que o prefeito Cesar Maia dificilmente decolará. Ele tem tido um desempenho ruim nas pesquisas -4% a 8%, a depender do levantamento. Serra e Maia têm conversado sobre a possibilidade de o prefeito do Rio ser vice do colega numa chapa presidencial.
O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), já não tem por Serra a antipatia de antes. Durante a campanha eleitoral de 2002, a PF (Polícia Federal) apreendeu R$ 1,34 milhão em dinheiro vivo na empresa Lunus, de Jorge Murad, marido da então presidenciável Roseana Sarney (MA). Bornhausen acusou Serra de ter feito uso político da PF, pois à época um amigo do tucano era ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira. Serra e Nunes sempre negaram tal uso.
Mas o episódio abateu a candidatura Roseana e levou o PFL a romper em março de 2002 uma aliança de oito anos com FHC, deixando os cargos no governo.
Agora, até ACM já admite uma composição com Serra. Recentemente, o ex-prefeito Antonio Imbassahy deixou o PFL para ingressar no PSDB baiano. O tucano Jutahy tem conversado com o deputado federal ACM Neto (PFL-BA), herdeiro político de ACM que luta pela sobrevivência do carlismo. Uma aliança nacional entre PSDB e PFL poderia levar o clã político liderado por ACM a manter espaços na Bahia, onde ainda é forte.
Fonte: Kennedy Alencar no site Folha Online

"Hurricane Katrina"





sábado, setembro 24, 2005

Apolonio de Carvalho, herói da esquerda

Continuação
Era admirado por seu otimismo e amor à vida. “A vida é um dom”, dizia. Internado no Hospital Casa de Portugal no último dia 21, Apolonio morreu ao lado da mulher, Renée, e dos filhos, René e Raul. Segundo os médicos, permaneceu lúcido até o fim e acreditava que iria melhorar.
O corpo de Apolonio será velado na Câmara dos Vereadores a partir das 8h de hoje. Amanhã, às 11h, será cremado no Crematório do Caju.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligou para a viúva ontem, assim que soube da morte do amigo.
Nascido em 1912 em Corumbá, então Mato Grosso, Apolonio dizia que o amor pela democracia fora inoculado nele e nos cinco irmãos pelo pai, Candido Pinto de Carvalho Junior, o seu Candoca, oficial do Exército influenciado pelos ideais da Revolução Francesa. Apolonio queria ser médico, mas os poucos recursos da família obrigaram-no a seguir a carreira militar.
Entrou para a Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, em 1930, período em que a República Velha vivia séria crise. Quatro anos depois, já aspirante a oficial, seguiu para Bagé (RS). Encantou-se com o livro de John Reed, “Dez dias que abalaram o mundo”, sobre a Revolução Russa, e com as primeiras obras de Marx e Engels.


Homenagens do governo francês

Foi preso em 1935 por seu envolvimento com a Aliança Nacional Libertadora (ANL) e por sua participação na Intentona Comunista, levante contra Getúlio Vargas. Foi expulso do Exército quando ainda estava preso em Bagé, em 9 de abril de 1936, “sem processo, sem ser ouvido”, como relata em seu livro de memórias “Vale a pena sonhar”, de 1997. Na prisão, conviveu com o escritor Graciliano Ramos e com a mulher do dirigente comunista Luiz Carlos Prestes, Olga Benário.
Libertado, filiou-se “no dia seguinte” ao Partido Comunista Brasileiro. Foi mandado para a Espanha, junto com outros 18 jovens do PCB, para lutar contra o general Franco, em defesa da República. Após a vitória de Franco, Apolonio não quis voltar ao Brasil e enfrentar as prisões do Estado Novo, o regime ditatorial de Getúlio Vargas. Foi para a França e integrou-se à Resistência francesa.
Responsável por ações de guerrilha contra as tropas de Hitler, chegou a comandar dois mil homens. Jorge Amado, que o chamava de “o herói das três pátrias”, contou essa história no livro “Subterrâneos da liberdade”: ele é o personagem Apolinário. Em 17 de agosto deste ano, Apolonio foi homenageado pelo cônsul da França em São Paulo, Jean-Marc Laforêt, num jantar em que as quatro mesas simbolizavam as cidades francesas que ele ajudou a libertar do nazismo.
Na França, em 1942, conheceu a mulher, Renée. Apolonio militou da seção de Imigrados do Partido Comunista Francês (PCF) e perdeu o contato com o PCB, só retomado ao fim da Segunda Guerra. O pintor Candido Portinari, que iria expor em Paris, foi o portador da mensagem dos comunistas brasileiros para ele: volte o mais rápido possível. Com Renée, grávida de Raul, e o filho mais velho, René-Louis, de 2 anos, voltou ao Brasil em dezembro de 1946. O partido vivia então breve período de legalidade.
Em 1947, o PCB entrou novamente na ilegalidade e Apolonio iniciou um longo período de militância clandestina, por exigência do partido: era na casa dele que as reuniões do comitê central aconteciam. A família era obrigada a trocar de endereço a cada seis meses. As discordâncias com a direção começaram em 1964, após o golpe militar, quando o PCB decidiu “confiar e esperar”. Em 1968 funda o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) com Mário Alves e Jacob Gorender, entre outros.
Apolonio foi novamente preso em janeiro de 1970, pela ditadura militar. Torturado na sede do DOI-Codi, saiu da prisão para o exílio na Argélia ao ser trocado, com outros 39 presos políticos, pelo embaixador alemão, seqüestrado por guerrilheiros. Depois foi para a França. O filho René foi para o Chile, num grupo trocado pelo embaixador suíço, e Raul passou três anos preso. Nos quase dez anos de exílio, reavaliou a ação da esquerda no Brasil e começou a pensar na formação de um partido de massas.
Voltou ao Brasil com a Anistia, em 1979, e ajudou a fundar o PT, em 1980. Em 1981, foi anistiado e promovido a coronel da reserva. Em 2003 passou a receber R$ 8 mil por mês, renda equivalente à de general-de-brigada. Mas a homenagem maior nunca aconteceu: o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, quis promovê-lo oficialmente a general, mas perdeu a queda-de-braço com o comando do Exército.

Ciça Guedes e Toni Marques em O Globo

quinta-feira, setembro 22, 2005

Maluf e filho

Continuação
Advogados decidem não recorrer agora ao STF


Se o TRF negar o pedido na análise de mérito, Paulo e Flávio Maluf poderão recorrer ao STJ de novo. Caso saiam derrotados, podem ainda entrar com o mesmo pedido de liberdade no Supremo Tribunal Federal (STF). Mas os advogados decidiram não apelar de imediato ao STF. Eles apostam no “esvaziamento do motivo” que levou à prisão preventiva dos dois, ou seja, de que eles não teriam coagido o doleiro Vivaldo Alves, o Birigüi, como afirmam a PF e o Ministério Público Federal.
O ex-prefeito e seu filho estão presos desde o último dia 10 sob a acusação de coagir testemunha e ocultar provas do processo de evasão de divisas contra eles.
Ontem, no depoimento que durou quatro horas, o ex-prefeito negou todas as acusações ao juiz Paulo Alberto Sarno, da 2 Vara Criminal Federal. A defesa mostrou trechos de fitas gravadas pela própria PF, anexadas ao processo, que podem favorecer Maluf. Num dos trechos, reproduzidos ontem pela TV Bandeirantes, Birigüi conversa com outro doleiro, dizendo que o delegado Protogenes Queiroz, da PF, iria lhe “dar um presente” ao fim do inquérito.
— O delegado me disse que ao final ia me dar um presente. Eu falei: mas é material? Ele me falou lógico que não. Eu entendi que ele vai manusear no inquérito. Ele me garantiu que eu poderia desfazer o acordo com eles (Maluf) porque ninguém vai me incomodar — disse Birigui, às gargalhadas, para outro doleiro, sugerindo que ele poderia continuar no mercado de dólar.
O ex-prefeito foi levado da carceragem da PF para depor numa viatura com escolta, mas não foi algemado. Ao juiz, Maluf disse que a conta Chanani, que movimentou US$ 161 milhões no Safra National Bank, de Nova York, pertence apenas ao doleiro Birigüi, que vai depor hoje no mesmo processo em que os Maluf são acusados de corrupção, remessa ilegal de divisas, sonegação e formação de quadrilha.
Antes de deixar a carceragem da PF, Maluf pediu para ser examinado por um médico porque estaria com pressão alta, mas a PF não permitiu a entrada de médico na carceragem. O advogado Ricardo Tosto disse que durante o depoimento foram apresentadas novas provas que comprovaram que a conta de Nova York pertence somente ao doleiro Birigüi.
Para o advogado, depois dos depoimentos de Paulo e Flávio Maluf, além do doleiro Birigüi e do ex-funcionário da empreiteira Mendes Junior, Simeão Damasceno de Oliveira, que acontecerão hoje, a prisão dos dois se tornará desnecessária.
O depoimento de Maluf acabou por volta das 20h30m, enquanto o de seu filho Flávio prosseguia. O ex-prefeito aguardou o término do depoimento do filho para os dois serem levados de volta à carceragem da PF.


Protesto de estudantesnão consegue adesão

Enquanto Paulo e Flávio Maluf depunham ontem à tarde, um grupo de dez estudantes protestou em frente a sede do Tribunal Regional Federal, da 3 Região (TRF-3), onde fica a 2 Vara Federal. Aos gritos de “Maluf, ladrão, teu fim é na prisão”, os estudantes carregavam cartazes pedindo que a população buzinasse se fosse a favor da prisão dos Maluf. Mas poucos buzinavam. Com as caras pintadas de verde e amarelo e com narizes de palhaço, os estudantes ficaram decepcionados com a falta de adesão das pessoas que passavam pelo local. Daniel de Azevedo Marques Birolli, que comandava o protesto contra Maluf, desabafou.
— Eu acho um absurdo as pessoas não se mobilizarem contra Maluf, depois de tudo o que ele fez. Ele é um traste. Ele roubou. Ele tem que ficar preso — disse o estudante.
Fonte: Globo Online

domingo, setembro 11, 2005

Augusto Nunes

Severino já vai tarde

Continuação
A escolha equivocada anabolizou a embrionária dissidência liderada pelo petista mineiro Virgílio Guimarães. (Pouquíssimos sabiam que fora ele quem apresentara Marcos Valério a Delúbio Soares.) Se não vencesse, ao segundo turno decerto chegaria.
Assim pensavamos deputados que subestimaram o tamanho do baixo clero” – um balaio que junta novatos atarantados, anônimos de carteirinha, oportunistas irremediáveis, trombadinhas de terno e gravata, ressentidos fundamentais. Chegara a vez de Severino, pressentiu a turma.
Único e eterno arcebispo do baixo clero”, o deputado pernambucano Severino Cavalcanti sempre estivera a poucos centímetros da cadeira do presidente da Câmara. Quando entrou na disputa de 2003, era o primeirosecretário da Mesa. Parece pouco. É um cargo e tanto.
O presidente manda muito, claro. Mas cabe ao primeiro-secretário tomar decisões que rendem simpatias, reverências, gratidão e, sobretudo, votos. Quem ocupa o cargo administra os contratos da Câmara. Esses trunfos levariam Severino ao coração do poder. E, agora, à derrocada.
Chegou ao segundo turno com os votos do “baixo clero”. Chegaria à presidência com o apoio de dezenas de deputados do PSDB e do PFL. Quando a corrida ficou restrita a Greenhalgh e Severino, mesmo oposicionistas sensatos cederam à tentação de fuzilar politicamente o governo Lula. Os disparos atingiram o alvo. Mas provocariam efeitos muito mais devastadores na Câmara.
Fruto do cruzamento da incompetência do governo com o oportunismo da oposição, Severino tornou-se o terceiro nome na linha sucessória presidencial. Logo se acertou com Lula, que presenteou o novo amigo com um emprego federal para um severino júnior. O negociante não conseguiu “aquela diretoria da Petrobras que fura poços”, mas alugou o Ministério das Cidades. E alojou no Tribunal de Contas da União o ex-deputado Augusto Nardes, incapaz de avaliar honestamente uma conta de luz.
O fim iminente de Severino só pode ser festejado por deputados que lhe negaram o voto. Que se calem os que, hoje arrependidos, ajudaram a humilhar o Brasil.

Fonte: JB Online

Elio Gaspari

Continuação
Destina-se a erguer uma barreira para os brasileiros que tentam entrar nos Estados Unidos em busca de trabalho e oportunidades. Para agrado do governo de George Bush, o presidente Vicente Fox investiu-se da condição de guarda do serviço de fronteiras dos Estados Unidos.
Muita gente boa usa a expressão "ilegais" para qualificar esses brasileiros parecidos com alguns personagens da novela "América".
Erro. "Ilegais" são os soldados americanos no Iraque. Os estrangeiros que vivem nos Estados Unidos sem a devida documentação continuam lá porque são muito bem-vindos para os americanos que lhes dão emprego.
Esses trabalhadores pagam impostos e robustecem a economia do país, injetando-lhe mão-de-obra pouco qualificada e muito barata.
Há mais de um milhão de brasileiros trabalhando nos Estados Unidos.
Eles remetem a Pindorama cerca US$ 2,5 bilhões por ano. Desde outubro passado, 28.300 foram temporariamente detidos pela polícia americana. Comem o pão que Asmodeu amassou. São achacados, morrem de sede no deserto e, quando chegam a lugares seguros, começam uma nova vida devendo US$ 10 mil aos mercadores que os transportaram.
A emigração de brasileiros para a América é um fenômeno recente, da segunda metade do século passado. Os americanos e seus prepostos devem lembrar que o Brasil recebeu no século XIX a maior corrente migratória espontânea da história dos Estados Unidos. Entre 1865 e 1875, pelo menos 154 famílias de sulistas derrotados na Guerra Civil vieram para o Brasil.
A atenção que os companheiros de Brasília dão aos emigrantes do século XXI é a da refinada demagogia. Os ministros Jaques Wagner e Luiz Dulci andaram por Boston e Nova York, onde estão mais da metade dos brasileiros residentes nos EUA. Reuniram-se com os trabalhadores, prometeram isso e aquilo e voltaram para os hotéis. A nova barreira é vista com simpatia por funcionários que detestam ser incomodados pelos problemas da choldra.
Lula saiu por aí perdoando dívidas de sobas africanos e acredita ter iniciado uma nova era no processo de integração latino-americano. No governo de FFHH o visto mexicano foi dispensado (por iniciativa mexicana) e no seu foi restabelecido.
Pior: o atual ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia acha que a avacalhação é pouca. Ele disse que "está na hora de arejarmos a legislação" que exige vistos de entrada no Brasil aos cidadãos dos Estados Unidos. Tramita na Câmara, sem oposição da bancada-companheira, um projeto que isenta os turistas americanos do visto brasileiro. Pedem-se vistos aos americanos porque os americanos pedem vistos aos brasileiros. Basta que o governo americano dê a Pindorama a facilidade que dá a 28 nações européias e asiáticas e a exigência do visto brasileiro cai no dia seguinte. A burocracia, os constrangimentos e os custos que o governo americano impõe aos brasileiros são, de longe, superiores às exigências que se fazem aos americanos que desejam entrar no Brasil.
Na alta diplomacia, "nosso guia" já conseguiu montar uma inédita sala de fracassos. Atolaram seus candidatos a diretor da Organização Mundial do Comércio e a presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento. A reforma da ONU, que daria uma cadeira ao Brasil no Conselho de Segurança, foi a pique com a colaboração da China e dos países africanos, todos parceiros estratégicos da diplomacia-companheira. Admitindo-se que exista uma baixa diplomacia, aquela que afeta diretamente os brasileiros pobres, a barreira mexicana é um monumento à eficácia do lero-lero.

Fonte: Globo Online

sexta-feira, setembro 09, 2005

Analfabetismo

Continuação
A pesquisa foi feita entre 30 de junho e 10 de julho, com 2.002 pessoas de todas as regiões do país. Os números são praticamente idênticos aos dos levantamentos de 2001 e 2003.
— Se olharmos a situação como um doente, diríamos que ele continua febril — diz Fábio Montenegro, presidente do IPM.
A pesquisa divide os entrevistados em quatro grupos.
O primeiro é o dos analfabetos, dos quais 64% são homens, 77% têm mais de 35 anos, 41% estão desempregados e 81% pertencem às classes D e E. Mais da metade (60%) completou de um a três anos de estudo.
O segundo é o dos alfabetizados de nível rudimentar, que conseguem ler títulos e frases, mas localizam apenas informações explícitas, como números e nomes. Eles são 30% do total, 64% pertencem às classes D e E e 36% à classe C.
Quase a metade (49%) tem entre quatro e sete anos de estudo e 80% nunca vão ao cinema.
Em seguida vêm os alfabetizados básicos, que conseguem ler textos curtos, e representam 38% do total. Este foi o único grupo que apresentou uma mudança relevante. Em 2001, representavam 34%. Eles também estão concentrados nas classes C (40%), D e E (45%). Os outros 15% estão nas classes A e B. Entre os integrantes deste grupo, 41% vão ao cinema, 72% lêem jornais, 67% revistas e 23% usam o computador.
O nível pleno representa apenas 26% do total. Cerca de 35% pertencem às classes A e B, 41% à classe C e o restantes às classes D e E. A grande maioria (70%) tem entre 15 e 34 anos e 60% cursaram pelo menos o ensino médio enquanto 25% completaram o ensino fundamental. Entre eles, 64% vão ao cinema, 54% usam computador, 83% lêem jornais e 84%, revistas.
Fonte: O Globo
Veja a pesquisa

Pesquisa

quinta-feira, setembro 08, 2005

"Estou consciente de que o governo morreu"

Por Paulo Celso Pereira:
Continuação

Como é o movimento Brasil Verdade?

– Temos três objetivos: garantir que as investigações se desenvolvam e a punição seja feita de acordo com a lei para iniciar uma recuperação da credibilidade no Congresso; lutar por uma reforma eleitoral que tenha ao menos a redução dos custos e o aumento da transparência; e constituir uma força que contribua com a governabilidade, independente do desfecho com impeachment ou não.

E a cassação de Severino Cavalcanti?

– Faz parte desse movimento o pedido de cassação do Severino. No bojo dessas denúncias, o que era uma posição apenas minha se transformou numa posição pelo menos da oposição, da esquerda do PT e das forças que se distanciam do fisiologismo. Se antes era um dever, agora se não o cassarmos corro o risco de ser processado por omissão.

Como avalia a presença dele na Casa?

– Severino sempre teve uma representatividade que era limitada aos votos dos fisiológicos. Aqueles que, de modo geral, querem apenas melhoria de salário e mais verbas de gabinete. Esse número nunca ultrapassava 110 deputados. No entanto, o PT resolveu lançar um deputado difícil, o Luiz Eduardo Greenhalgh. Simultaneamente, houve uma divisão com a aparição da candidatura do Virgílio Guimarães. A desarticulação do governo permitiu que houvesse segundo turno. E quando a oposição percebeu que o Severino foi para o segundo turno, votou nele em peso, pensando em punir o governo, sem perceber que estava punindo o Parlamento.


Em quem o senhor votou?

– Votei no Greenhalgh, pois acreditava que apesar de tudo, o partido do governo tinha o direito de apontar o candidato. Muita gente fala, que se houvesse essa crise com o Greenhalgh na presidência talvez fosse pior que o Severino. Não acredito nisso. Com o Greenhalgh era possível lutar. Ele seria apenas um executor mais sofisticado de uma política de abafa. Mas um pouco de sofisticação, podemos combater.


Houve um deslumbramento na chegada do baixo clero ao poder?

– A chegada do Severino alterou bastante o quadro. Inicialmente ele procurou cumprir as promessas que fez ao grupo fisiológico aumentando a verba de gabinete em R$ 8 mil e procurando satisfazer aqueles deputados mais inexpressivos. A primeira decisão dele foi fazer quem nunca viajou começar a viajar. O que aparentemente é uma decisão democrática, mas a viagem era entendida como uma extensão da política brasileira, como um elemento da diplomacia parlamentar. Ele não entende assim, vê as viagens como uma forma de agradar, de dar a todos a oportunidade de sair e ter algumas diárias.


Como foi recebido seu discurso?

– A recepção foi muito boa, uma coisa fora do comum. As pessoas percebem claramente que o Brasil é um país muito mais complexo do que daria a entender a presença dele lá, que é um retrocesso completo e lamentável. O Severino defendeu empresas que têm trabalho escravo. Estamos na aurora do século 21. No século 19, um deputado pernambucano já lutava contra a escravatura. Era Joaquim Nabuco. Severino representa um retrocesso em relação a Nabuco.


O senhor percebe um sentimento de desilusão nas ruas?

– Há uma sensação de que os políticos fracassaram. Mas há uma luz, porque algumas pessoas imaginam que nem todos são iguais. O que me impressionou é que no meu debate com o Severino houve uma nuance: ao passo que as pessoas na rua elogiavam, os deputados acharam que estava certo, mas que o tom foi um pouco alto demais. Dá a impressão que o fato de as pessoas viverem na Câmara, trabalharem juntas, desenvolverem amizades e terem interesses comuns faz com que elas fiquem um pouco anestesiadas. Elas passam a ser mais tolerantes. A população não.


Como o senhor vai reagir em relação a seu processo de cassação?

– Sempre disse que o deputado Benedito Dias (PP-AP) deveria me processar. Só temo que ele seja preso antes do final. Porque foi denunciado pelo Procurador-Geral da República pela formação de quadrilha de desvio de verbas do Hospital do Câncer de Macapá. Ele deve acelerar o processo para não ser preso antes.


Como o senhor analisa a chegada desta crise ao Planalto?

– Não é que tenha chegado ao Planalto, ela nunca saiu de lá. É um grupo que detém todos os cadáveres no armário e todos os segredos. Sejam segredos de financiamento escuso de campanha, sejam segredos ligados à tentativa de sufocar a investigação da morte do Celso Daniel.


E isso não lhe surpreende?

– Não. Compreendo isso como uma decorrência do processo. Todas as campanhas presidenciais que passam por um longo processo apresentam uma série de escândalos que vão sendo abafados. E o núcleo no poder vai sendo constituido também por aquelas pessoas que detêm os segredos dos cadáveres no armário.


Lula tem ido aos sindicatos buscar o apoio das massas, como analisa isso?

– Ele não está buscando o apoio das massas, está usando um grupo de sindicalistas e políticos para constituir auditórios favoráveis que garantam aplauso na hora certa, transmitindo a impressão que tem apoio popular. Se gostasse da massa ele ia para a Central do Brasil ou para a Praça da Sé. Lula está um pouco errático, a última tentativa foi se agarrar ao fantasma do Juscelino Kubitscheck, mas nem a família do Juscelino aceita.


O senhor está desiludido?

– Não. Estou consciente de que o governo morreu. O que fazemos agora é discutir o que fazer com o corpo até 2006. Não vejo chances de o governo se recuperar. O que se define agora é se ele vai continuar fraco até o final ou se vai cair antes. Se ficar até 2006 será preciso constituir na sociedade uma força que consiga ajudá-lo a chegar até o final sem necessariamente prestigiá-lo. Marcando claramente que queremos ajudar a governar, mas temos uma distância do governo.


O senhor pensa em continuar no Parlamento?

– Depende. Estou numa luta de vida ou morte. Se o parlamento não se renovar, não buscar outro rumo, não me interessa voltar. Posso contribuir para o Brasil fora dele. Se ele ganhar rumo e seriedade, me interessa.


Quando o PT começou a mudar?

– Chegou um momento em que Lula disse: chega de disputar eleição, preciso ganhar. Para isto preciso de recurso e de um bom programa de televisão. Aí Lula passou a se ligar a Duda Mendonça. O processo do marketing substituiu o processo tradicional de campanha, que era na rua, com comícios e caminhadas. Lula percebeu que um insight do Duda podia ganhar um milhão de votos e na rua, por mais que batalhasse, falaria com 10 mil pessoas. Aí, evidentemente, as campanhas alteraram radicalmente. Eles passaram a ver a política de uma forma clara: se ganha com muito dinheiro e com os melhores profissionais de marketing. Passaram a subestimar a política como movimento.


O PT tem futuro?

– É preciso um adjetivo. Tem futuro brilhante? Promissor? Futuro vegetativo todos nós temos. O problema é que não tem mais futuro como um partido que possa empolgar o país, que possa galvanizar uma transformação. Ele perdeu essa chance. Pode se recuperar ao longo do tempo, voltar a conquistar uma eleição aqui e ali. Pode ser que daqui a 10 ou 15 anos ganhe outra eleição presidencial, mas já sem aquelas características do passado. É só mais um partido.


E como fica a idéia de esquerda?

– Terá de ser renovada. De certa forma, caiu o Muro de Berlim no Brasil. Caiu o mito da classe operária como salvadora que era um dos componentes da mitologia do século passado. Junto dela caiu a idéia de que os fins justificavam os meios e o princípio do centralismo democrático. Entramos em uma nova fase, em que os trabalhadores não têm mais um papel privilegiado na correlação de forças que vai mudar o país. E as transformações talvez não sejam rocambolescas como era programada na esquerda. A esquerda terá de apresentar projetos claros, viáveis e realistas. De certa maneira, a idéia de esquerda e direita vai sempre existir, mas a esquerda não será mais um bem absoluto e a direita deixou de ser o mal absoluto.


O tema da legalização das drogas ainda é importante para o senhor?

– Continuo trabalhando em torno de uma política de drogas. Mas a situação é tal no Brasil que esse tema não tem tido o destaque que deveria. Para se defender, a tropa de choque do Severino usou isso contra mim, dizendo que eu não podia falar do Severino porque propunha a legalização e Severino insinuou que eu não era macho. Como Cazuza disse, me chamam de veado e maconheiro e assim podem roubar melhor nosso dinheiro.


Qual sua relação com o PV?

– Entrei no PV de novo porque eles estavam precisando de mais um deputado para ter direito a uma série de coisas e sou um deputado verde independente do partido. Mas é um partido formado por pessoas que não querem confronto. O PV no Brasil não tem nenhuma capacidade de influenciar na realidade porque está completamente destituido de substância teórica. Não existe partido político se você não tem pessoas capazes de pensar o programa, aplicá-lo na realidade e reinventá-lo quando a realidade muda. O PV não tem essa massa crítica. Temos de desejar a implosão do sistema partidário para que possamos reorganizá-lo.


Como assim?

– Fazer uma implosão para que novos partidos se formem e novas afinidades se afirmem. Esse processo é permanente, esses partidos estavam diante de uma época que acabou. Qual a pessoa inteligente hoje que entra em partido? É muito raro.

Interesse público

Mensagem 1
03/09 05

Prezado Hugo e demais componentes da lista:

Somente recordando aos que possuem memória curta, lembro que me coloquei à disposição desde o primeiro momento em que assumi a cadeira, forneci informações mensais ao Hugo sobre cada movimento do CMT, enfim, propiciei um avanço que não ocorria desde 98, quando a lei do CMT foi a plenário, sendo devidamente aprovada.
Desde aquele momento até hoje, nada, lembro, absolutamente nada, havia sido feito no sentido de se implantar efetivamente o CMT. Portanto, em menos de um ano, conseguimos um avanço que não havia sido conseguido por nenhum outro órgão ou pessoa, seja lá em que circunstância for. No momento em que estamos vivendo, onde há uma articulação explícita de oposição ao governo do prefeito Eduardo César, falar em CMT seria uma contradição. Mesmo assim, o prefeito determinou que o CMT tivesse seguimento, e ainda por cima, com sua composição alterada, passando de uma posição paritária, para 2/3 de iniciativa privada.
Diante dos fatos, ou seja, o projeto já está em apreciação na Câmara, considero que o momento é de paciência e observação. Por questões políticas, não é exatamente o modelo ideal, mas pelo menos, vai ser implantado e regulamentado.
No decorrer dos próximos meses e semestres, poderemos fazer as adaptações que se fizerem necessárias, mas peço a todos que tenham o bom senso de entender o momento, não se deixando levar por paixões e ou vontades político/partidárias.
Um conflito frontal, a esta altura do campeonato, com certeza iria resultar em um retrocesso que nenhum de nós gostaria de ver. Deste modo, considerados os fatos, peço encarecidamente a todos, mais uma vez, que se norteiem pelo bom senso, impedindo que vaidades se sobreponham à razão do momento.

Atenciosamente,

Luiz Felipe




Mensagem 2
06/09/05

A pergunta que não quer se calar!!!

Prezado Sr Luiz Felipe,


Em função dos últimos e-mails sobre assunto tão importante para a cidade, acho importante neste momento realmente alongar a memória curta de todos os lados:
Sempre fui e serei defensor dos Conselhos Deliberativos. Ao meu ver eles são a melhor forma de um governo demonstrar seriedade e transparência no trato com as coisas públicas: Invocando a participação da sociedade!
Infelizmente Ubatuba é a única cidade do Litoral Norte que ainda não possui Conselho Municipal de Turismo.
Minha insistência em cobrar os Conselhos (de Turismo e Meio ambiente) está sendo confundida com oposição ao atual governo o que é uma visão míope , estreita e no mínimo absurda para não dizer maliciosa.
Se na visão de alguns, querer que se instale um Conselho para tratar do assunto mais importante para o crescimento econômico da cidade é ser oposição, para mim é cidadania. Amo esta cidade e a escolhi para construir minha vida incluindo aí a de minha família e profissional.
Tenho sido desde os meus primeiros anos aqui, uma pessoa que reconhecidamente contribuiu para o turismo no município, mas atualmente me causa tristeza ver tanto patrimônio ser desperdiçado. Não é de hoje que defendo a idéia do Conselho Municipal de Turismo. Já a defendi em outras gestões e continuarei defendendo até que alguém em posição de decidir e com um mínimo de visão entenda que ter um Conselho de Turismo DELIBERATIVO não é perder poder, mas sim dar ao setor mais importante para a economia da cidade, um espaço para discussão amplo que levará a passos acertados no futuro. Um Conselho de Turismo deliberativo onde os diversos setores da sociedade ligados ao tema estejam representados em no mínimo igualdade de número com o poder público, é uma forma de reduzir erros e ampliar acertos. Não teríamos tido tantos problemas com a Comtur, quiosques, Secretários de Turismo foragidos da justiça e nem mesmo desgastes como os causados com os proprietários de comércios na área do aeroporto. Teríamos um plano de desenvolvimento do turismo com metas, teríamos um orçamento digno e batalharíamos juntos por ampliá-lo.
Menos de 1% do orçamento para o turismo em Ubatuba é um absurdo que urge ser corrigido!! É a nossa principal vocação: Precisa de investimento, ser regada, cultivada e crescer. Não se faz um destino turístico do dia para a noite. Precisa-se construir ou recuperar uma imagem há muito perdida. Precisamos estar unidos e trabalhando muito para tanto. Gostaria de lembrar alguns fatos ocorridos durante o ano passado e que são importantes para neste momento subsidiarem qualquer discussão sobre o tema:

1.Preocupados com a sucessão, ambientalistas e entidades ligadas ao “trade” turístico promoveram no Itamambuca Eco-Resort em 12 de Setembro do ano passado, um evento chamado “Compromisso dos Candidatos”. Neste evento, os candidatos se comprometeram em maior ou menor grau com as agendas mínimas de turismo e meio ambiente propostas. O então candidato Eduardo César, naquela noite, assinou um documento concordando com as agendas propostas pelos ambientalistas e setor turístico da cidade que contemplavam a constituição dos Conselhos de Turismo e Meio Ambiente fazendo 2 ressalvas:

1) Que a continuidade da cobrança de zona azul pela Companhia Municipal de Turismo seria decidida pelo Conselho Municipal de Turismo


2) Que o Conselho de Turismo seria deliberativo.

Para quem quiser ler os documentos assinados pelos candidatos na íntegra(é aconselhável) eles estão disponíveis no site da Assu:
www.ilhabela.org/deolho/relatorio_ubatuba.doc

O original deste documento assinado pelo Prefeito está em posse da ASSU.

2. Já finalizadas as eleições ( e eleito o novo prefeito Eduardo César do PL) e novamente preocupados em dar ao executivo o máximo de subsídios e apoio para tratar de assunto tão importante para a cidade como o turismo, foi organizado nos dias 23 e 24 de Novembro do ano passado pelo “trade” um evento denominado Workshop de Planejamento do Turismo Sustentável. Para se ter uma idéia da seriedade da proposta basta ver a lista de entidades que assinaram e participaram do evento:

-P.E.S.M Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Pinciguaba-SETUR – Secretaria de Turismo de Ubatuba-FUNDART – Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba-Universidade de Taubaté - Campus Ubatuba-COMTUR – Companhia Municipal de Turismo de Ubatuba-Acionistas da COMTUR-Centro Acadêmico Latitude 23º-Projeto Tamar - Ibama-Aquário de Ubatuba-Assoc. de Quiosques da Praia Grande-Assoc. Monitores de Ecoturismo de Ubatuba-Sindicato de Hotéis Bares Restaurantes e Similares-Rádio Gaivota-Assoc. de Comerciantes do Itaguá-C. E. A .U Coletivo de Entidades Ambientalistas de Ubatuba-Associação Moradores Praia Grande-Assoc. Amigos do Lázaro-Comissão de Restaurantes de Ubatuba-Movimento Ubatuba Viva -Assoc. Comercial e Industrial de Ubatuba-Fundação Florestal - Pier do Saco da Ribeira-Consultores de Turismo-Assoc. Náutica de Ubatuba-Assoc. das Operadoras de Mergulho de Ubatuba-Assoc. de Hotéis e Pousadas de Ubatuba-Grupo de Monitores de Turismo PNMT-Comitê de Bacias Hidrográficas do LN- Camara Técnica de Ecoturismo e Educação Ambiental

Participaram inclusive do evento realizado na Unitau, pessoas do chamado governo de transição do Prefeito eleito. Nunca foi feita uma reunião tão ampla para tratar do tema “turismo” em nossa cidade. As pessoas e entidades que ali estavam e cuja seriedade e experiência são inegáveis, ficaram 2 dias trabalhando para elaborarem um documento chamado “Plano de Desenvolvimento Turístico de Ubatuba”. Este documento, cuja cópia posso enviar a quem quiser requisitar por e-mail (
Hugo@aquariodeubatuba.com.br), dava para o futuro gestor do turismo na cidade uma espécie de “plano de vôo” para o primeiro ano de governo. Este documento incluía também uma proposta de perfil para o cargo de gestor do turismo da cidade. Um dos itens fundamentais deste plano era a Constituição com urgência do Conselho Municipal de Turismo. Este documento foi apresentado ao ainda vereador Eduardo César em Dezembro, em reunião realizada na Câmara. Lá novamente, o futuro Prefeito da cidade se comprometeu com a constituição do Conselho.Importante salientar, Sr. Felipe, que naquela ocasião, o ainda Prefeito Paulo Ramos ofereceu ao trade aprovar o texto do Conselho na forma que o trade queria. A reação do Sr. Eduardo César foi a de nos pedir que acreditássemos nele e deixássemos para ele fazer o Conselho, pois o Paulo na saída queria ter o crédito político sem ter realizado durante o mandato. A avaliação que o trade teve na época foi de dar este voto de confiança pois ele tinha razão e dificílmente iria deixar de honrar sua palavra/assinatura!!! Quando voce foi me procurar buscando apoio como candidato a Secretário de Turismo do Município, assumiu comigo o compromisso da Constituição do Conselho Municipal de Turismo como principal tarefa a ser executada. Uma comissão foi formada durante o Workshop para tratar da questão e uma minuta de lei de Constituição do Conselho Municipal de Turismo, Fundo Municipal de Turismo e Decreto de nomeação dos membros (Ver abaixo), foi encaminhada por mim a voce no começo deste ano. Realmente voce me manteve a par do andamento do processo que só se iniciou em Abril de 2005 , mas que não teve prosseguimento a partir de Junho.
Conforme te afirmei pessoalmente, Felipe, após 6 meses eu iria começar a cobrar a promessa e assim venho fazendo, mesmo sendo rotulado por alguns imbecis de ser oposição. Faço e dou minha cara para bater porque acredito no poder da sociedade mudar e decidir seu destino.
Por último, no dia 13 de Agosto, foi realizada reunião na ACIU com o salão cheio e inclusive com a presença do Prefeito e sua. Novamente foi afirmado por ambos que teríamos o Conselho. Foi proposta ali por mim, a formação de um grupo para novamente ajudar a dar prosseguimento ao tema. Nada foi falado após esta reunião e quando soubemos do projeto de lei na Câmara, descobrimos que providencialmente 3 itens fundamentais sumiram da proposta do trade:
1. A palavra deliberativo(que por ironia foi proposta pelo candidato Eduardo Cesar)
2. A gestão do fundo Municipal de Turismo
3. O Decreto de nomeação das entidades que comporiam o conselho.
Desta forma,Sr. Felipe, a discussão proposta pelo presidente da Câmara agora , é particularmente importante para que 4 aspectos fundamentais na formação do Conselho sejam amplamente discutidos com o setor turístico:
1. A composição do Conselho representando todos os setores da sociedade envolvidos com o turismo.
2. A proporção de assentos do poder público e sociedade civil que deve ser no mínimo paritária, se não com maioria para a sociedade civil.
3. Que o Conselho, como o próprio candidato Eduardo César propôs em campanha, seja deliberativo.
4. A gestão do fundo fique nas mãos do Conselho
Por último, gostaria de frizar que não queremos e não aceitaremos Conselho de turismo "para inglês ver".

Queremos sim, que venham todos: ingleses , franceses, alemães, etc porque temos um Conselho de Turismo de verdade.
Não tem essa de : ...não é o ideal, mas pelo menos vai ser implantado.
Não vamos nos contentar com migalhas não!!
Tentar manipular a opinão pública dizendo que isto é uma manobra da oposição é uma estratégia errada e que pode reverter contra quem a utilizar, pois felizmente, últimamente, quem tenta manipular processos democráticos fazendo caixa 2, mensalões, compra de votos e outras estratégias pouco ortodoxas (inclusive manipular a formação de conselhos comunitários)tem merecido especial destaque na mídia, o que com certeza se reverterá em votações desastrosas quando o povo for às urnas novamente.

Abraço,

Hugo Gallo



Mensagem 3
07/09/05

Prezado Sr. Hugo,


Estive procurando Vsa pessoalmente desde o último sábado, de modo a tratarmos deste assunto como profissionais liberais, que neste momento possuem posturas específicas. Tanto a minha quanto a sua posição não são meramente técnicas.
Fazer parte de uma equipe de governo, que possue óbvias diretrizes políticas, requer um enquadramento por parte de quem assuma a pasta, seja lá quem for. No seu caso, como membro do partido PSDB, de oposição ao atual governo, Vsa compõe uma chapa que estará disputando no próximo dia 11 de Setembro, a liderança do diretório local contra a chapa do vereador Charles Medeiros.
Portanto, por qual motivo Vsa insiste em falar que não faz oposição? A ameaça feita por Vsa está se cumprindo: "...Conforme te afirmei pessoalmente, Felipe, após 6 meses eu iria começar a cobrar a promessa e assim venho fazendo"... Não há como se tapar o sol com a peneira. Quando Vsa cita que não possue interesses políticos ou que não se pauta por interesses políticos, por qual motivo tivemos um verdadeiro debate político quando da última reunião da ACIU?
Se Vsa está tão isenta de interesses políticos, por qual motivo não faz suas reivindicações em comitiva, a quem de direito?
Por qual motivo usa de meio público, de palanque, para manifestar assuntos que ora exigem dedicação técnica e não de discursos? As necessidades não são técnicas? Então qual o motivo da guerra de palavras Sr. Hugo? Basta de comícios, a eleição já acabou!
A administração municipal está interessada em ação, em detalhamentos técnicos, em reuniões sérias, em resultados, enfim, em planejamento. Não é esta a cobrança? Reuniões com 30, 40 pessoas? Quem conduz a resultados práticos reuniões gigantescas? Vamos arrefecer os ânimos e colocar os pés no chão. E é exatamente isto que proponho. As partes interessadas serão chamadas para se discutir o assunto de modo técnico, mas por favor, que o façamos onde ele deve ser feito, uma vez que discursos inflamados não nos levarão a lugar algum, e todos já sabemos o que a História recente mostra.

Atenciosamente,

Luiz Felipe



Mensagem 4
08/09/05

Prezado Sr.Felipe,

Recebi recado que voce me procurou aqui no aquário quando eu não estava, mas estive ocupado e infelizmente ausente.
Nunca me furtei ou me esquivei de tratar deste assunto. Caso queira conversar comigo, meus telefones que voce já tem são: 9153 6912, 3832 1382, 3832 6349.
Quanto a minha posição não ser meramente técnica, esta é uma afirmação sua.
Apesar de eu ser filiado ao PSDB desde 1993, ou seja há mais de 12 anos, nunca coloquei qualquer posicionamento político acima da razão e do que é bom para a cidade.
Felizmente tenho trabalho e credibilidade suficientes para responder a questionamentos assim como questionar a quem de direito. Em uma democracia, Sr. Felipe, exercer um direito político não é vergonha, é cidadania. Se disputo uma chapa em um partido que tem se mantido a margem de escandalos grotescos como os que envolvem o PL, é porque acredito que a participação de cada um pode fazer diferença para mudarmos a crise ética e política que vivemos. Quanto a alusão de que estou liderando um movimento de oposição ao atual prefeito, isto nada mais é do que uma estratégia, uma cortina de fumaça, uma desculpa para justificar o fato de que a atual gestão não quer mais realizar um conselho deliberativo como o que estou e continuarei cobrando.
Se houve um debate político na ACIU, não fui eu que o fiz nem iniciei. Foi quem foi lá sabendo que não está fazendo o prometido e quiz se defender de um ataque que não existia. Inclusive naquela data, se voce não se lembra, só cobrei o conselho e não fiz alusão a mais nada a não ser inclusive, elogiar algumas ações executadas. Fui extremamente diplomático, a não ser no momento em que o Sr. Prefeito defendeu o Sr. Sérgio de Carvalho, cuja ficha criminal eu providencialmente carregava.
Nunca subi em nenhum palanque e se tiver que fazê-lo algum dia, vai ser ao lado de quem ao menos honra seus compromissos com a sociedade que o elegeu.
Para seu governo, Sr. Felipe, tenho tentado há pelo menos 2 meses marcar reunião com o Sr. Prefeito para tratar deste e de outros assuntos sem nem sequer ter uma resposta. Pergunte às assessoras de gabinete. Desta forma, se me acusa de me utilizar de meios públicos para tratar do assunto, quero que saiba que até o momento não escrevi uma linha sequer contra a atual gestão, a não ser para cobrar os prometidos Conselhos de Turismo e de Meio Ambiente, atitude da qual ninguem vai me fazer me envergonhar.
Vergonha deveriam ter as pessoas que agem em desacordo com seus compromissos e suas promessas.Continuarei sempre a disposição para tratar deste assunto e de qualquer outro que seja importante para a melhoria de nossa cidade que infelizmente, vai muito mal.

Hugo Gallo

quarta-feira, setembro 07, 2005

Assim nascem as máfias

Guilherme Fiuza
Continuação
Recentemente, o deputado José Dirceu, já não mais ministro, pediu à mesma emissora a cabeça de Arnaldo Jabor. O comentarista afirmara, a propósito das denúncias feitas pelo ex-assessor de Antonio Palocci, que Dirceu estava se movimentando contra o ministro da Fazenda. O comentário foi suficiente para Dirceu achar que Jabor tinha ferido a liberdade de expressão e ultrapassado os limites da convivência democrática.
A crise no PT mostra que democracia é hoje uma das palavras mais gastas do vocabulário nacional. Ainda com a boca na botija, Delúbio Soares, o despachante do caixa dois, gritava que era tudo uma conspiração da direita contra os democratas. Arrecadou milhões e milhões com esse papo de democracia. Os xiitas do PSOL, que não podem ler um artigo criticando Heloísa Helena e já partem para o insulto, também apresentam-se como combatentes da democracia refugiados da opressão partidária. Quem serão os autoritários?
O episódio de Dirceu no debate da Globo ainda é menos grave do que o seguinte. Afinal, ainda era um ministro central do governo, e esses cargos às vezes sobem mesmo à cabeça do ocupante. O espantoso, porém, é o ex-ministro e deputado prestes a ser cassado arranjar fôlego para pedir a cabeça de um funcionário da emissora. Não se trata mais de soberba ou arrogância do poder. Aparece ali, em estado puro, sua sanha pessoal de controle sobre fatos e instituições que o cercam. Pode-se imaginar o que faria com o natimorto Conselho Nacional de Jornalismo nas mãos. No mínimo, uma farta coleção de cabeças de comentaristas abusados.
Democracia, nenhum outro nome foi usado tantas vezes em vão no Brasil. É o nome que vem dando o lastro moral para essas ficções chamadas partidos políticos: sempre apresentados como as pedras fundamentais da representação cívica, sempre flagrados como fachada para tramas inconfessáveis. O PT, apresentado a vida inteira como amostra do legítimo organismo democrático, expõe agora sua vocação essencial: a de lavanderia de reputações.
A direção do partido já decidiu que não vai punir nenhum de seus filiados envolvidos em operações de caixa dois e recebimento de mensalão. Por que não vai punir? Há alguma justificativa clara disponível ao grande público? Nenhuma. O partido apenas se reserva o direito de comportar-se como entidade privada e lidar com seus membros como bem entender. O mundo não tem nada com isso. Mas está vendo tudo, e o que se vê é uma entidade protegendo seus filiados já não mais à luz de uma causa, de um programa, de uma afinidade política que seja. O PT acoberta seus infratores única e exclusivamente por uma lógica de sobrevivência grupal, familiar. Os petistas são protegidos porque são petistas.
É uma lógica idêntica à da máfia. O conjunto de valores institucionais existe para preservar a célula, a teia. O código de lealdade inviolável é posto acima de qualquer outra lei, de forma que a integridade do grupo sempre prevaleça sobre o meio externo, em quaisquer circunstâncias. Com o fim da bandeira de oposição à ditadura militar, a derrocada da luta pela ética na política, a falência do combate à fome por inanição, parece ter sobrado ao PT a solidariedade da famiglia – um conluio de subsistência política na penumbra.
Até onde um partido pode permanecer influente dessa maneira, zombando da legalidade e mirando em cabeças de comentaristas petulantes, não se sabe. A única certeza é que, naquilo que antigamente se chamava de democracia, uma agremiação assim não seria caso de política, mas de polícia.
Fonte: No Mínimo

domingo, setembro 04, 2005

A verdade está nua berrando na rua

Continuação
Esta é a única verdade. Não adianta investigar mais, apenas conferir denúncias, cruzar dados, pois as próprias investigações podem virar tapadeiras e rotas de fuga.
Esta verdade pode ser sufocada por milhares de meias-verdades secundárias (moralismos, alegações jurídicas, regimentais) que sobram nas CPIs.
Há um congestionamento de descobertas, lembrando um rio sem foz, onde as sujeiras vão se acumulando sem escoamento. O que denota a gravidade desta crise é que ela ficou óbvia. Ela está decifrada, sujamente clara, em cima da mesa de dissecação, aberta ao meio com uma galinha, mas ela continua acontecendo.
E o pior é que não temos no Brasil nenhuma instituição, algum tribunal maior que vocalize o desejo social, nada que dê conta desses crimes descobertos. Quem vai punir? Quem vai reformar? Quem vai fazer a crítica prática disso tudo que estamos vendo? Quem? Este Congresso de vendidos? O Executivo culpado e agonizante? O Judiciário paralítico onde todos se refugiarão?
Os acusados estão sendo orientados por criminalistas, como o ministro da Justiça (!), a se ocultar na confissão de “dívidas de campanha” que configurem crimes comuns, que nunca condenaram ninguém neste país. Toda a tática é fugir da caracterização de “crimes políticos”, alegando “falta de provas”, como se provas fossem flagrantes ao vivo e a cores. Tudo está na cara, ao sol de meio-dia, demonstrado — como sabem os advogados — pela figura jurídica das “provas indiciárias”, suficientes, com esta abundância de evidências e denúncias inapeláveis.
O que angustia nessa crise é a sensação de um túnel que não acaba nunca. Na rua me perguntam: “E aí? Como isso vai acabar?” Ninguém sabe. E os dias vão passando, dando tempo para os canalhas se acertarem e fugirem da cana.
A própria idéia de “punição para os culpados” pode ser conservadora, pois parte do princípio de que houve um “desvio” da norma, quando a própria norma é que é criminosa, quando o desenho da política no país é que é desastroso.
Só uma radical reforma não só política e eleitoral, mas institucional, adiantaria, mas, se nem para a punição temos um tribunal eficiente, quanto mais para uma mudança modernizadora deste “passado colonial” em que vivemos.
É como uma grave doença diagnosticada, sem haver hospital preparado para combatê-la.
Assim, esta crise tende para dois destinos:
Ou para uma grande pizza suja que já está sendo preparada por Lula chorando nos braços do “povo”, por Dirceu comandando militantes obedientes, por Severino segurando as cassações das raposas e hienas que trabalham o tempo todo para escapar e confundir-nos. Ou então, se o desprezo pela opinião pública chegar a um ponto insuportável, pode acontecer uma ruptura violenta com a oposição, que tem sido tolerante. Inimigos e irresponsáveis populistas podem incendiar a indignação da sociedade, levando-a para as ruas, pedindo impeachment, contaminando a economia e criando um grave impasse institucional, com luta de facções. Será que teremos de passar por um desastre histórico mais grave, para que algo mude?
E realmente dá vontade de botar para quebrar quando intelectuais e analistas petistas com fé ou mesmo os desencantados dizem que os “neoliberais” criaram essa armadilha histórica para o PT, com a “direita” querendo derrubar o Lula como ao Jango. Dá vontade de virar homem-bomba quando vejo economistas já trabalhando para o neo-populismo evangélico dizerem que o único erro do governo Lula foi ter adotado a política do FHC, a única coisa que ainda segura o país.
É incrível também que “inteligentsia dialética” se diga surpresa com o acontecido; é incrível que não tenham desconfiado dessa possibilidade de lambança, que não tenham tido um pingo de visão realista em relação ao “ungido de Deus” da Academia, com seus santos bigodudos e oportunistas. Como podem se dizer “surpresos”, se um dos temas mais importantes para qualquer intelectual ocidental tem sido a reflexão sobre o lamentável fracasso do socialismo leninista? Onde estava essa gente nos últimos trinta anos? Fazendo o quê? Cavando a última trincheira de uma fé morta no mundo todo, mantendo vivas suas ilusões infantis? Como falar em “zelite” sobre um governo que errou sozinho, se sabotou, se destruiu por loucura, dogmatismo, burrice, falta de projeto e de caráter? E não se tratou de “coisa suja” também não, como disse Ciro, como se tudo fosse um pecado sexual. O que houve foi um plano minucioso, com a conivência do presidente, topando tudo que pudesse coroar seu deslumbramento de operário que virou rei.
Chega de nos escandalizarmos também. Está na hora dos homens sérios da política, da vida cultural, intelectual, jurídica se reunirem e pensarem algumas soluções institucionais e de reforma na Constituição para dar conta desse rio sem foz. Algo como semipresidencialismo ou (oh... sonho!...) parlamentarismo.

sexta-feira, setembro 02, 2005

Viver sem muros

Cristovam Buarque
continuação

Um país com renda nacional de R$1,7 trilhão precisaria de apenas R$40 bilhões anuais, pouco mais de 2%, para fazer um choque social que garantisse vida digna aos pobres e liberdade aos ricos. Mas o egoísmo estúpido se sobrepõe ao egoísmo inteligente. Como se a vida sem muros fosse impossível.

É possível viver sem muros no Brasil. Podemos construir uma sociedade com um grau razoável de justiça, uma sociedade pacífica. Não faltam recursos financeiros para a revolução de um choque social, o que falta é mudar a lógica. A segurança não virá de mais segurança, e sim de menos desigualdade. E a desigualdade não diminui com o aumento da riqueza, mas sim com políticas públicas que garantam os bens e serviços de que a parcela pobre da sociedade precisa, principalmente educação.

A sociedade opta pelos muros protetores porque a lógica social está presa a muros ideológicos que obscurecem a percepção, como uma cortina que impede a visão da realidade. A cortina do egoísmo estúpido e da lógica econômica. Esse casamento entre um sentimento perverso e uma racionalidade imperfeita produz a aberração da sociedade brasileira: a sociedade de muros.

Aquele jovem proprietário do fusca com os vidros fechados era uma metáfora perfeita do exibicionismo da sociedade brasileira. Mas sua estupidez tinha uma dose de ingenuidade, da boa intenção de conquistar meninas também exibicionistas. Seu gesto era muito mais puro do que o gesto da sociedade, que ano após ano mantém políticas públicas para agravar a desigualdade, construindo violência e investindo na proteção dos muros
Uma sociedade viciada nesses padrões de riqueza e concentração acredita que seus muros sejam um símbolo da riqueza e do progresso. E incentiva a disputa do muro mais alto, do equipamento mais sofisticado. Como se a vida sem muros fosse a prisão. A prisão do atraso. Não percebe a perda de liberdade que sua opção acarreta, porque um mundo sem muros não é mais uma hipótese possível, nem sequer uma lembrança.
* Cristovam Buarque é professor da Universidade de Brasília e Senador pelo PT/DF
cristovam@senador.gov.br / www.cristovam.com.br

Trabalho informal

Trabalho informal aprisiona pessoas na pobreza

Mulheres são as maiores vítimas desta forma de exclusão social

Noeleen Heyzer* Em Nova York

Tradução: Danilo Fonseca
Em um universo de trabalho que cruza cada vez mais as fronteiras, estamos descobrindo que a globalização não gera necessariamente empregos melhores e mais seguros. O trabalho autônomo, casual ou residencial, juntamente com os empregos de meio expediente e temporários, respondem por uma parcela entre 50% e 80% do trabalho urbano nos países em desenvolvimento (a percentagem é ainda mais alta se incluirmos o setor agrícola). Nos países desenvolvidos esses trabalhos informais respondem por 20% ou 30% do número total de empregos. E, em vez de o trabalho informal se tornar formal à medida que as economias crescem, o trabalho está passando de regulamentado a desregulamentado. Os trabalhadores perdem a segurança empregatícia, assim como benefícios médicos e outras vantagens, e laboram em condições inseguras para conseguirem contracheques cada vez mais miseráveis e não confiáveis. Essa tendência é particularmente pronunciada para as mulheres, que tendem a ter uma representação excessiva no mercado de trabalho informal, tanto nos países em desenvolvimento quanto nos desenvolvidos. As mulheres compõem a maioria da força de trabalho de meio-expediente e temporária nos países desenvolvidos, enquanto nas nações em desenvolvimento (com a exceção do norte da África), 60% ou mais das mulheres trabalhadoras se inserem no mercado de trabalho informal (excluindo o setor agrícola). As mulheres das zonas rurais passam horas trabalhando arduamente em culturas familiares, freqüentemente sem receberem qualquer remuneração. Aquelas das áreas urbanas trabalham em fábricas não regulamentadas, ganhando centavos pela produção de artigos que são remetidos para mercados distantes. Além do mais, a totalidade do trabalho feminino continua sendo mal entendida e estudada. Em praticamente todos os países, as mulheres ainda são as principais responsáveis pela criação das crianças, e pelos cuidados dispensados aos doentes e aos idosos, o que lhes limita a capacidade de obterem a educação e a experiência exigidas para que consigam empregos mais bem pagos. Nos países onde os sistemas de saúde estão sendo devastados pela Aids, as mulheres arcam com um peso ainda maior no que diz respeito a prover cuidados para os doentes. Sabemos que as conseqüências de se trabalhar informalmente não se restringem aos baixos salários, incluindo também a ausência de direitos humanos e de inclusão social. Comparados aos indivíduos que trabalham na economia formal, os que atuam na economia informal possuem menos acesso a água limpa, eletricidade e serviços sociais; são mais vulneráveis à perda de propriedade e à incapacitação; e contam com menos acesso a bens financeiros, físicos e outros. É difícil imaginar um maior distanciamento físico e psicológico, ou um maior desequilíbrio - em termos de poder, rendimento e estilo de vida - do que o existente entre a mulher que costura roupas ou bolas de futebol na sua casa no Paquistão para uma rede de varejo na Europa ou na América do Norte e o diretor-executivo de tal companhia. Em antecipação à Conferência Mundial de 2005 das Nações Unidas, neste mês, quando os líderes internacionais se reunirão para avaliar o progresso rumo às Metas de Desenvolvimento do Milênio, a minha organização está defendendo uma avaliação mais cuidadosa das questões da mulher, do trabalho e da pobreza. A premissa básica é que o trabalho decente é um direito humano, sendo fundamental para a segurança econômica. A menos que se envidem esforços para a criação de empregos decentes para a força informal de trabalho, não seremos capazes de eliminar a pobreza ou de obter a igualdade entre os sexos, e tampouco de atingir as metas propostas para o milênio. Similarmente, a menos que a segurança econômica feminina seja fortalecida, qualquer progresso real quanto a essas metas será limitado. Para que haja progresso, quatro áreas devem se constituir em prioridades:

· Primeiro, a organização dos trabalhadores informais, especialmente as mulheres, para a obtenção de proteção legal e social. A menos que as mulheres sejam fortalecidas para exigirem os seus direitos, a sociedade não implementará as mudanças que melhorarão as suas vidas.

· Segundo, a articulação de um grande esforço no sentido de ajudar os trabalhadores autônomos, a fim de melhorar o acesso destes aos mercados financeiros e de crédito e criar demanda pelos seus produtos e serviços.

· Terceiro, a criação de políticas apropriadas de apoio aos trabalhadores informais, que exijam que estes se tornem visíveis para a sociedade e que a totalidade do seu trabalho --especialmente no caso das mulheres - seja valorizado. O ponto de partida é a coleta e a análise de estatísticas sobre as forças de trabalho nacionais que levem em conta os dois sexos. E, finalmente, o fortalecimento de estratégias para colocar um fim à desigualdade entre os sexos. Acabar com as diferenças entre os salários de homens e mulheres e garantir condições de trabalho seguras e saudáveis para todos deveria ser um objetivo central da elaboração de políticas. A erradicação da pobreza e a promoção da igualdade entre os sexos é algo que exige uma grande reorientação de políticas econômicas e de desenvolvimento. É fundamental que todos aqueles comprometidos com a proposta de se atingir as metas do milênio, incluindo o sistema das Nações Unidas, os governos e as instituições internacionais de comércio e finanças, façam do trabalho decente uma prioridade, e que as corporações no mercado global melhorem as condições para todos os seus empregados, tantos formais quanto informais.
*Noeleen Heyzer é diretor-executivo do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para as Mulheres.