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sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Esclarecimentos sobre a Dengue



O MOSQUITO Aedes aegypti

Principais características

− Preto, com listras e manchas brancas. Mais escuro do que o pernilongo comum.
− É um mosquito urbano que pica preferencialmente durante o dia.
− Pica várias vezes até completar a alimentação sangüínea.
− Quando imaturo, desenvolve-se em água relativamente limpa e parada, acumulada principalmente em recipientes artificiais: vasos com plantas em água, pratos de vasos, latas, garrafas, pneus, caixas d' água e outros reservatórios de água. Seus criadouros naturais são ocos de árvores, cascas de coco, bromélias ornamentais, água acumulada em folhas secas caídas no chão, e outros.
− Adapta-se bem ao ambiente urbano porque:
• encontra condições favoráveis para desenvolver-se (abundância de criadouros, escassez de predadores);
• tem muita afinidade pelo sangue humano.
− Pode dispersar-se facilmente entre países, estados e municípios por meio de comercialização de recipientes (criadouros) secos, com ovos firmemente aderidos às paredes.
− Transmite a DENGUE, a FEBRE AMARELA e outras viroses.


CICLO EVOLUTIVO DO MOSQUITO

DUAS FASES:
AQUÁTICA - A que transcorre na água compõe os estágios imaturos: ovo, larva, pupa.
ALADA - A que transcorre em ambientes terrestre e aéreo é o mosquito adulto.
O tempo de evolução do Aedes aegypti, de ovo até mosquito adulto, varia com a temperatura e a disponibilidade de alimento. Em condições ideais (temperatura elevada e alimentação adequada), esse período se completa em 9 a 13 dias.
Os ovos, depositados um a um nas paredes úmidas dos recipientes, às quais aderem fortemente, são vistos pouco acima do nível da água. São de cor preta, muito pequenos e só um exame cuidadoso permite seu reconhecimento. São muito resistentes e podem manter-se viáveis por vários meses em local seco (até cerca de 1 ano). Quando o nível da água do recipiente sobe, devido a chuva ou ação do homem, os ovos entram em contato com o meio líquido, eclodem e dão origem às larvas de 1° estágio, que são muito pequenas e nadam ativamente.
As larvas são aquáticas e se desenvolvem em 4 estágios. A passagem de um estágio para outro se dá por meio de troca de pele (muda ou ecdise), com aumento de tamanho. As larvas de 3° a 4° estágio são maiores e facilmente visíveis. As larvas nadam ativamente. Alimentam-se de resíduos de material orgânico e de microorganismos presentes no meio líquido.
Respiram colocando o sifão respiratório, localizado posteriormente no corpo, na superfície da lâmina d' água. Toda a fase larvária dura de 5 a 7 dias.
As pupas têm forma de vírgula. Não se alimentam e ficam a maior parte do tempo imóveis, flutuando logo abaixo do nível da água e respirando através das duas trompas respiratórias.
Em 2 a 3 dias, abre-se uma fenda no dorso da pupa, por onde emerge o mosquito adulto. Este repousa por algum tempo sobre a superfície da água e então alça vôo.
Os mosquitos adultos, machos e fêmeas, constituem a fase alada, que dura por volta de 40 dias. O acasalamento ocorre logo nos primeiros vôos. Podem voar distâncias de aproximadamente 400 m e, com a ajuda do vento, percorrer distâncias maiores. Os machos sugam fluidos de plantas, como o néctar. As fêmeas, além desses fluidos, após serem inseminadas também necessitam sugar sangue, que contém substâncias necessárias à maturação dos ovos, os quais elas depositarão nas paredes de vários tipos de recipientes. Elas picam o ser humano com freqüência. Uma única fêmea pode picar várias pessoas.

DENGUE

DEFINIÇÃO
A dengue ocorre em mais de 100 países, localizados nas regiões intertropicais.
Cerca de 2 bilhões de pessoas estão em risco de adquirir a doença, em áreas urbanas densamente habitadas. Anualmente, há milhões de infecções e dezenas de milhares de mortes.
Na atualidade, a dengue é a mais importante virose transmitida por mosquitos. É provocada por vírus do gênero Flavivirus, constituído por 4 sorotipos (1, 2, 3 e 4).
A infecção pelo vírus Dengue pode ser suave e simular uma gripe. A doença sintomática clássica caracteriza-se por ser febril, de início agudo, com duração de 5 a 7 dias, e acometer grande número de pessoas. A enfermidade se manifesta sob duas formas clínicas: Dengue Clássica, de baixa mortalidade mas com sintomatologia importante, que impede a atividade rotineira da maioria da população afetada, e Dengue Hemorrágica, com elevado risco de óbito.

DENGUE CLÁSSICA
Um dos primeiros sintomas da doença é a febre, logo acompanhada de dor de cabeça intensa, dores generalizadas pelo corpo (articulações, músculos, atrás dos olhos) e fraqueza extrema. Depois de 3 a 4 dias, podem surgir manchas avermelhadas na pele. Nos países de língua espanhola, a Dengue é conhecida por "febre quebra-ossos" (febre
rompehuesos), devido à intensidade das dores, mal-estar e cansaço.
Os aspectos clínicos dependem, freqüentemente, da idade e da resistência física do paciente. Em casos raros podem ocorrer, na Dengue Clássica, sangramentos importantes, que podem levar o paciente a óbito.

DENGUE HEMORRÁGICA
É uma forma clínica muito grave, que parece ocorrer em pacientes que já foram previamente infectados por qualquer sorotipo de Dengue. Portanto, populações que contraíram a forma clássica da doença correm maior risco de manifestar a Dengue Hemorrágica, ao ocorrer novo surto, com outro sorotipo. Outra explicação para a forma hemorrágica é a circulação de um sorotipo mais virulento. Seus sintomas são parecidos com os da doença clássica, porém ocorrem hemorragias importantes. Após o desaparecimento da febre (entre o 3° e o 7° dias), o estado do paciente pode se agravar rapidamente, sobrevindo choque e óbito em 12 a 24 horas.
Os doentes com Dengue Hemorrágica devem ser hospitalizados precocemente, para a instituição de tratamento de suporte. Isso reduz grandemente a mortalidade (inferior a 5% em pacientes com quadro de choque, quando hospitalizados). A Dengue Hemorrágica é mais grave em crianças e idosos.

PRINCIPAIS SINTOMAS DA DENGUE CLÁSSICA

Febre alta 5 a 7 dias
Dor de cabeça
Dor nas juntas e músculos Perda de apetite
Manchas vermelhas na pele Prostação
As pessoas com sintomas devem procurar as Unidades Básicas de Saúde

TRANSMISSÃO
Alguns dias depois de infectada pelo vírus, através da picada do mosquito, a pessoa adoece: aparecem os sintomas. O período de incubação (tempo transcorrido entre a picada do mosquito e o aparecimento dos sintomas) varia de 3 a 15 dias; geralmente é de 5 a 6 dias.
No período de incubação, as pessoas podem circular de um local a outro e, se forem novamente picadas por mosquitos Aedes aegypti, espalhar a infecção.
O mosquito só se infecta ao picar uma pessoa que já está infectada pelo vírus. Isso pode ocorrer mesmo antes da pessoa manifestar os sintomas, no final do período de incubação.
Os sintomas levam o paciente à prostração. Durante o período febril, no qual o vírus está presente no sangue em grande quantidade, o mosquito pode infectar-se até o 5° dia após
o início dos sintomas. Depois do 5º dia, o paciente deixa de ser infectante para o mosquito.
O Aedes aegypti fêmea se infecta com o vírus Dengue quando pica pessoas infectadas. O vírus se dissemina no corpo do mosquito, multiplicando-se em suas células até que sua saliva fique contaminada. Esse processo leva cerca de 8 a 13 dias.
Transcorrido esse período, o mosquito se torna infectante. Nesse caso, se ele picar uma pessoa sadia, transmite a doença.
É comum o vírus Dengue transmitir-se dentro do domicílio, quando um mosquito infectado pica os moradores. O Aedes aegypti é muito voraz: um único mosquito pode picar várias pessoas, em curto espaço de tempo e disseminar a doença para os vizinhos, amigos e parentes.
A Dengue pode disseminar rapidamente na população. As pessoas infectadas, com ou sem sintomas, circulam de um lugar para outro. A transmissão pode ocorrer:
Dentro de casa Na escola
No local de trabalho Nas compras
Ao fazer uma visita No clube
Dessa maneira há rápido aumento do número de pessoas doentes, caracterizandose uma epidemia.Todos podem contrair a doença, independentemente de classe social, sexo, idade, cor, tipo de atividade profissional etc.

TRATAMENTO
Não existe tratamento específico para Dengue. O tratamento é apenas sintomático, com analgésicos a antitérmicos. Dependendo de suas condições clínicas, o paciente poderá ser tratado no próprio domicílio, com seguimento ambulatorial.
Não devem ser usados medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (AAS®, Aspirina®, Melhoral® etc.), por favorecerem sangramentos. Recomenda-se boa hidratação oral (aumento da ingestão do líquidos caseiros).
No caso de haver manifestações hemorrágicas, o paciente deverá ser internado para receber o tratamento adequado, pois o quadro clínico pode tornar-se grave.
Após a cura o paciente adquire imunidade permanente, porém somente ao sorotipo que o infectou. Isso significa que pode vir a adquirir novamente a dengue, causada por outro sorotipo, com possibilidade de desenvolver a forma grave da doença (dengue hemorrágica).

VACINA
Até o presente não há vacina eficaz contra Dengue, por causa das dificuldades resultantes da existência de múltiplos sorotipos do vírus.

NOTIFICAÇÃO
Notificação é o procedimento que consiste em anotar no impresso próprio e comunicar rapidamente à unidade responsável pela vigilância epidemiológica da área, todoe qualquer caso suspeito ou confirmado de doenças de notificaçâo compulsória (SEES, 1994).
A notificação de Dengue no Brasil, de acordo com a Portaria Ministerial n° 114/96 de 25/01/ 1996, passou a ser obrigatória em todo o território nacional.
A Lei n° 6259/75, que dispõe sobre a organização da Vigilância Epidemiológica, estabelece que "é dever de todo cidadão comunicar à autoridade sanitária local a ocorrência de fatos comprovados ou presumíveis de casos de doença transmissível, sendo obrigatório o médico e outros profissionais de saúde, no exercício de sua profissão, bem como os responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde e ensino, a notificação de casos suspeitos ou confirmados da doença denotificação conpulsória".
As fontes de notificação são as Unidade Básica de Saúde (UBS), consultórios médicos, hospitais, laboratórios, farmácias, registro de óbitos, população a imprensa.

SUSPEITA DE DENGUE: deve-se suspeitar de dengue quando o paciente apresentar febre a esclarecer, acompanhada de dois ou mais sintomas da doença (páginas 22 e 23). a que for proveniente de área onde esteja ocorrendo transmissão, ou com presença do mosquito Aedes aegypti.
Após exame clínico do paciente nas UBS e hospitais, o médico deverá solicitar o exame de sangue pare confirmação laboratorial do diagnóstico. Esse exame é realizado pela rede nacional de laboratórios de saúde pública.
Os exames utilizados para confirmação laboratorial são:
- Isolamento do vírus (determina o tipo de virus que está circulando)
- Sorologia para Dengue (confirma se é dengue, ou não)
Para o histórico do município é importante classificar todos os casos de Dengue que forem detectados, em casos autóctones (originários no próprio município) e casos importados (originados de outros locais de transmissão, como outros municípios, estados, regiões do país ou mesmo de outros países).

Coleta da amostra de sangue: Deverá ocorrer na própria UBS, utilizando a infra-estrutura já existente na rede de saúde do município. As UBS deverão contar com seringas e agulhas descartáveis ou vacutainers, centrífuga, geladeira e frascos para estocar o soro dos casos suspeitos.
Portanto, a Notificação de Dengue é obrigatória, tanto para os casos confirmados quanto para os suspeitos, para que as medidas de controle sejam implementadas nos locais freqüentados pelo paciente (residência, local de trabalho, local de lazer etc.). O Serviço de Vigilância Epidemiológica do município deve ser imediatamente notificado (mesmo antes da confirmação laboratorial), pois estará apto a detectar precocemente novos casos, promover análise do comportamento epidemiológico da doença (idade, sexo, locais etc.) e, assim, estabelecer prioridades e metas no controle.

O Serviço de Vigilância do município também acionará imediatamente os demais órgãos empenhados no controle do vetor (Coordenação de Controle de Vetores do município, que implementará as medidas emergenciais de controle; Superintendência de Controle de Endemias/SUCEN, para o Estado de São Paulo; Fundação Nacional de Saúde/FNS, para os demais estados).

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Atualmente a Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública para o diagnóstico de Dengue conta com laboratórios instalados em 23 estados. Há 3 laboratórios de referência nacionais, que são altamente especializados, considerados de excelência, com abrangência nacional e que capacitam a rede de laboratórios de referência regionais. São eles:

I. Instituto Evandro Chagas do Pará
II. Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) do Rio de Janeiro
III. Instituto Adolfo Lutz (IAL) de São Paulo


O Estado de São Paulo é o único estado que possui, além do Instituto Adolfo Lutz (IAL Central), uma sede adicional de 6 laboratórios do Instituto, distribuídos nos municípios de Presidente Prudente, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Campinas, Marília e Santos. Estes 6 Laboratórios realizam o diagnóstico sorológico e somente o IAL Central realiza o isolamento e a identificação dos sorotipos circulantes. Os resultados laboratoriais visam a identificar precocemente novas áreas de transmissão e a introdução de novos sorotipos, auxiliando no estabelecimento ou intensificação de ações de controle e de combate ao vetor e colaborando no estudo e confirmação de todos os casos graves e fatais.
Os laboratórios particulares não estão aptos para realizar diagnóstico laboratorial de dengue. Mesmo estando fora de sua cidade ou estado, se houver suspeita de dengue, procure o serviço público de saúde: a notificação é o primeiro passo para identificar se está ocorrendo transmissão de dengue no local.

Isolamento de Vírus


O isolamento permite identificar o tipo viral (sorotipos 1, 2, 3 ou 4). Mostra a presença do vírus no sangue do paciente (vírus = agente invasor), identificando o sorotipo que está circulando. Na coleta deverão ser observados cuidados com assepsia e biossegurança.
• Colher a amostra de sangue na fase aguda (primeiros 5 dias da doença).
• Conservar a amostra preferencialmente a -70°C ou -20°C e enviá-la o mais rápido possível ao Laboratório, transportando em butijão de nitrogênio líquido ou isopor contendo gelo seco ou gelo comum.
• Resultado: após 15 a 20 dias.
• Metodologia utilizada: inoculação da amostra em cultura de células de mosquito (C6/36).
• Identificação do vírus por microscopia de fluorescência.

Diagnóstico Sorológico


Mostra a presença de anticorpos no sangue do paciente (anticorpos = defesa), identificando a ocorrência da transmissão da doença em uma determinada área.
• Colher amostra única de sangue, a partir do 5° dia do início dos sintomas (fase aguda: primeira semana da doença; fase convalescente: 14 a 21 dias após o início da doença).
• Conservar os soros a -20°C, transportar em isopor com gelo comum ou gelo seco, dependendo da distância.
• Resultado: 24 horas após chegar ao Laboratório.
• Metodologias utilizadas: Mac-Elisa: detecta a infecção recente ou ativa (basta uma amostra de sangue). Inibição de Hemaglutinação: detecta a ocorrência de infecção, observando-se o aumento do título de anticorpos entre a primeira e a segunda amostra de soro (necessita duas amostras para diagnóstico).
Nas áreas onde já se tem conhecimento de elevado número de casos confirmados por sorologia e isolamento com identificação do sorotipo circulante, não há necessidade da confirmação laboratorial de todos os casos, podendo ser feita a confirmação dos casos pelo critério clínico-epidemiológico.

Rotulagem das amostras


As amostras encaminhadas para diagnóstico laboratorial devem ser corretamente identificadas, segundo a orientação que consta no Manual de Dengue, do Ministério da Saúde (1996). No rótulo de cada amostra devem constar as seguintes informações:
O preenchimento da ficha padrão, encontrada nas unidades de saúde, é de responsabilidade do médico. Se não houver a ficha impressa, então anotar as seguintes informações, que devem ser encaminhadas junto com as amostras:
• nome completo do pacientes, idade e sexo;
• endereço do paciente;
• nome, endereço e telefone do médico, laboratório ou hospital solicitante;
• antecedente de vacinação contra febre amarela;
• história anterior de dengue;
• data do início dos sintomas;
• resumo da história clínica;
• data da coleta e natureza da amostra, e
• quando possível, resultados de exames já realizados.

Uma campanha do Gabinete do vereador Jairo dos Santos – PT

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