Exposição pelo Dia da Luta Antimanicomial faz sucesso na Fundart
O que chama a atenção nas obras, muitas vezes, não é a estética, mas os caminhos que o inconsciente trilha para se expressar
A exposição realizada pelo Centro de Apoio Psicossocial (Caps), em comemoração ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, que acontece no dia 18, conquistou tanto a atenção e a simpatia do público que foi prorrogada. Era para ficar de 15 a 17 de maio, mas ficará até sexta-feira, dia 19. Entre as peças expostas, telas, desenhos, esculturas, modelagens e colagens.
As obras são resultado de atividades de arte-terapia e terapia ocupacional desenvolvidas durante o tratamento de pacientes com transtornos mentais. Além disso, a exposição traz poemas relacionados ao tema e depoimentos dos expositores. O nome da mostra é “Pintando o Setting”, um trocadilho que faz referência ao espaço terapêutico onde são realizadas as sessões de arte-terapia. Além de mostrar os trabalhos, o objetivo da exposição é promover uma reflexão sobre a condição das pessoas portadoras de transtornos mentais dentro da sociedade, ajudando a amenizar o preconceito.
Para os psicólogos do Caps, a arte é um “veículo” capaz de transportar, de dentro para fora, diversas situações, sentimentos, sonhos, necessidades e anseios que as pessoas, geralmente, não conseguem expressar verbalmente. O psicólogo Luiz Henrique Aparício explica que as diferentes manifestações artísticas “desarmam” o indivíduo a ponto de fazê-lo se soltar, liberar qualidades e talentos que, muitas vezes, são reprimidos pelo preconceito. “Através da arte, o paciente consegue planejar e reorganizar sua realidade. Esse processo foge do padrão estético, porque traz à tona o inconsciente do indivíduo, que nem sempre é povoado por belas imagens. O que é interessante nessa exposição é a coragem que os participantes têm de expor a sua intimidade traduzida em pinturas, desenhos e esculturas. Muitas pessoas que se consideram normais não têm essa coragem”. PMU
Voltar ao índice