Continuação
O modelo americano tem melhor qualidade de imagem mas não tem nem a portabilidade do modelo japonês, nem a vantagem de ampliar o número de canais disponíveis que o modelo europeu oferece. Nenhum dos três possibilita a interatividade e a inclusão social.
Perante esse problema, o governo abriu a possibilidade das universidades criarem um modelo que superasse as desvantagens dos três modelos existentes, tarefa que envolveu 79 grupos de pesquisa. Com apenas 50 milhões e, num prazo relativamente curto foram desenvolvidos protótipos que, testados, deram bons resultados. Para concluir a pesquisa e colocar o produto na praça, seria necessário um tempo aproximado de 9 a 12 meses, a um custo de 20 milhões, um custo muito baixo para um projeto desse porte.
Com os resultados alcançados até agora, houve grande repercussão e, a China se ofereceu como parceira e a Argentina suspendeu a decisão de optar pelo sistema americano. As perspectivas para o Brasil são animadoras, porque só o mercado chinês consome 50 milhões de aparelhos de tv por ano. Também há um acordo entre os países do Mercosul de não tomarem uma atitude isolada na definição do padrão da tv digital.
A possibilidade de criarmos uma tecnologia própria nesse campo está muito perto de acontecer, o que abriria novos campos de trabalho, tanto na área de produção dos aparelhos quanto na área da produção dos conteúdos. A ampliação de mais canais ampliaria a possibilidade de canais comunitários e educativos e de mais espaços para a exibição das diferentes culturas dos diferentes grupos.
Entretanto, o Ministro das Comunicações, que sempre esteve ligado às tvs comerciais, tem forçado a barra para que o governo se defina pelo modelo japonês. Os grupos que desejam uma tv mais democrática e que atenda às nossas necessidades, têm se articulado e realizaram um amplo debate no Congresso Nacional. No último domingo, a TV Educativa do Paraná, no programa Brasil Nação, exibiu um debate mediado pelo jornalista Beto Almeida, do qual participaram Takashi Tome, do CPqD, membro de um dos grupos envolvidos na pesquisa; Sergio Mamberti, secretário do Ministério da Cultura e Cesar Benjamim, da Editora Contraponto, assessor de movimentos sociais e um dos mais importantes intelectuais brasileiros.
Logo em seguida, a TV Câmara exibiu outro debate, com outros participantes, sobre o mesmo tema no programa Expressão Nacional. Voltarei ao tema enfocando outros aspectos da discussão.
Como a Agenda 21, embora importantes, essas discussões ainda não são conhecidas de uma grande parte da população. No entanto, se queremos uma vida melhor, precisamos discutir essas questões do presente para planejarmos o futuro. E o impossível de hoje será a realidade de amanhã.
Rui Alves Grilo
Professor da EE Deolindo de Oliveira Santos
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