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quarta-feira, maio 10, 2006

Como Silvinho falou ao Globo

Continuação
Eu fazia perguntas pontuais sobre a crise e ele respondia. Quando não queria falar, fazia silêncio e mudava de assunto. Após longa conversa, recebeu uma ligação e me disse que voltaria a me procurar. Silvio me telefonou pela segunda vez na quinta-feira. Levei uma cópia do material que tinha reproduzido. 'Você captou tudo bem, está muito preciso. Essa é a mais absoluta verdade. Vai ser um escândalo.'

Mas pensou um pouco, ponderou que a crise estava quase resolvida e que não era um bom momento para publicação da entrevista. E me propôs fazermos um livro. Eu concordei, mas disse que, como repórter, não poderia omitir aquelas informações (a maior parte já estava na Redação). Telefonei para o chefe da Sucursal, Germano Oliveira.

Avaliamos que era inegociável. Então, Silvio começou a passar mal: ficou pálido, implorou para que a entrevista não fosse publicada, disse que prometera à família não falar mais com a imprensa, que temia enlouquecer, porque a CPI e a PF voltariam $abordá-lo e que ele não suportaria novas pressões. Disse que havia gente muito poderosa envolvida em tudo e que poderiam matá-lo.

Não sei se para me impressionar, mas disse em seguida que o melhor era se matar. E ficou descontrolado. Jogou a mesa no chão, quebrou objetos e pediu várias vezes que eu o desculpasse, que não era nada comigo, que entendia muito bem o papel da imprensa. Pediu que eu buscasse ajuda, que estava passando muito mal.

Saí atrás do porteiro e, no caminho, encontrei uma moradora que me ajudou a chamar uma ambulância. Voltei com o porteiro: mais uma vez o Silvio me pediu desculpas e disse que tudo ficaria bem. O porteiro me ajudou a pegar minha bolsa e pediu que fosse embora. Mais tarde, ele telefonou para que não me preocupasse, pois Silvio estava com amigos e se sentia melhor. Devolveria meu material no dia seguinte. Só devolveu os cigarros e o aparelho celular. Documentos que ele mesmo havia me dado e um caderno de anotações ficaram por lá."

Fonte: Blog do Noblat

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