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sábado, maio 13, 2006

Dia da Luta Antimanicomial tem exposição


Um exemplo dos trabalhos desenvolvidos por pacientes do Centro

Centro de Apoio Psicossocial realiza exposição pelo Dia da Luta Antimanicomial

Em comemoração ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, que acontece no dia 18, o Centro de Apoio Psicossocial (Caps), órgão ligado à Secretaria Municipal de Saúde, realizará entre 15 e 17 de maio uma exposição que envolve cerca de 20 pacientes. As obras, que serão expostas na Fundart, são resultado de atividades de arte-terapia e terapia ocupacional desenvolvidas durante o tratamento. No dia 16, acontecerão projeções de filmes relacionados ao tema, seguidas de discussões durante todo o dia. Os filmes a serem exibidos serão “Bicho de 7 Cabeças”, Shine e/ou Réquiem para um sonho.
O nome da mostra é “Pintando o Setting”, um trocadilho que faz referência ao espaço terapêutico onde são realizadas as sessões de arte-terapia. Além de mostrar os trabalhos, o objetivo da exposição é promover uma reflexão sobre a condição das pessoas portadoras de transtornos mentais dentro da sociedade, ajudando a amenizar o preconceito.
Para os psicólogos do Caps, a arte é um “veículo” capaz de transportar, de dentro para fora, diversas situações, sentimentos, sonhos, necessidades e anseios que as pessoas, geralmente, não conseguem expressar verbalmente. O psicólogo Luiz Henrique Aparício explica que as diferentes manifestações artísticas “desarmam” o indivíduo a ponto de fazê-lo se soltar, liberar qualidades e talentos que, muitas vezes, são reprimidos pelo preconceito. “Através da arte, o paciente consegue planejar e reorganizar sua realidade. Esse processo foge do padrão estético, porque traz à tona o inconsciente do indivíduo, que nem sempre é povoado por belas imagens. O que é interessante nessa exposição é a coragem que os participantes têm de expor a sua intimidade traduzida em pinturas, desenhos e esculturas. Muitas pessoas que se consideram normais não têm essa coragem”.

Quebrando preconceitos


As ações desenvolvidas pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) estão de acordo com a reforma psiquiátrica e possibilitam a desospitalização no caso de pacientes graves e severos. A psicóloga Denise Janinni explica que ações como o “Pintando o Setting” fazem parte de um tratamento que cuida para que o indivíduo não seja excluído da sociedade por suas limitações. “Nós trabalhamos para que o paciente reconstrua sua identidade sem precisar ser estigmatizado. Dentro da arte, queremos trazer à tona o que eles têm de melhor, mostrar a eles próprios as suas potencialidades enquanto pessoas. A exposição tem um papel de dar a eles o direito de interagir e conviver com a sociedade. Ao mesmo tempo, nós queremos sensibilizar e estimular a reflexão os indivíduos ditos “normais”. A única forma de quebrar o preconceito é mostrar que as pessoas com sofrimento psíquico ou transtorno mental são ainda pessoas produtivas e atuantes. Não podemos tirar delas o direito de conviver. Ser aceito pelas pela sociedade contribui sensivelmente para a sua melhora”.
Os profissionais do CAPS ressaltam a importância do envolvimento e da conscientização da comunidade. “Existe ainda muito preconceito em relação aos transtornos mentais. Qualquer pessoa está sujeita a passar por algum tipo de neurose em determinado momento da vida, provocado por uma grande perda ou pressão. É possível também, ter algum parente potencialmente psicótico. O preconceito provoca o distanciamento da cura”, diz o psicólogo Luiz Henrique Aparício.

A luta antimanicomial em Ubatuba

A Arte-terapia é apenas uma das ferramentas utilizadas pela equipe de Psicólogos e Psiquiatras da Saúde Mental e do Caps para desenvolver as potencialidades, expressar emoções e restabelecer um equilíbrio psíquico. Fora isso, os pacientes aprendem os segredos da culinária, praticam esportes e participam de programas culturais e eventos sócio-educativos. Paralelamente, são realizados acompanhamentos clínicos, psicológicos, terapêutico-ocupacionais e farmacológicos. Graças a esse trabalho, Ubatuba tem, hoje, um dos menores índices de internações do Litoral Norte, contribuindo assim, com a Luta Antimanicomial.
Os serviços de Saúde Mental, atualmente, contam com uma equipe de cinco psicólogos, três psiquiatras, uma assistente social e uma enfermeira. Os atendimentos são feitos através do encaminhamento feito pelas equipes do Programa de Saúde da Família (PSF), que atuam nos bairros. Se você tiver interesse em conhecer melhor o trabalho do Caps, não deixe de visitar a exposição que ficará na Fundart de 15 a 17 de maio. PMU

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